Tese associa relação entre carne vermelha bem passada e câncer

A conclusão de mestrado defendido por nutricionista é de que o alimento preparado em alta temperatura traz riscos para a saúde

sex, 06/01/2017 - 14h33 | Do Portal do Governo

Uma má notícia para os consumidores de churrasco e de carne bem passada: uma tese de mestrado defendida na Faculdade de Saúde Pública (FSP-USP) indica que o consumo da carne vermelha exposta a alta temperatura pode causar câncer.

A autora da tese “Consumo de carne e animas heterocíclicas como fatores de risco para câncer”, a nutricionista Aline Martins de Carvalho, afirma que a carne vermelha preparada dessa forma libera compostos carcinogênicos (indutores da mutação que provoca o câncer). Eles estão presentes nas partes mais escuras, onde a carne esquenta até quase queimar.

Essas substâncias são compostos orgânicos nitrogenados chamados animas heterocíclicas. A metabolização delas pelo fígado libera espécies reativas mais conhecidas como radicais livres, que podem dar origem a um processo chamado de estresse oxidativo, que acontece no corpo toda vez que a quantidade gerada desses radicais é maior que a capacidade de neutralizá-los.

Isso não significa que servir carne mal passada seja mais benéfico, porque o consumo do alimento nesse ponto pode levar a contrair doenças especialmente provocadas por bactérias. A recomendação da nutricionista é servir a carne fervida ou prepará-la com uma mistura de alho, cebola e limão antes de levar ao fogo. Também ajuda esquentar antes a carne por três minutos no microondas.

Marinar a carne no limão, alho e cebola previne a formação desses compostos, possivelmente, devido aos elementos bioativos presentes nesses condimentos. Aquecer no microondas também reduz a formação de animas heterocíclicas pois a carne fica menos exposta ao fogo. Conclusão: melhor reduzir o consumo de carne e aumentar o de frutas, que pouco constam da dieta alimentar da população da cidade de São Paulo.

Relação causa e efeito
Durante o estudo de mestrado, a pesquisadora investigou a relação entre o consumo de carne e doenças. Ela observou que mais de 70% da população da cidade de São Paulo consumia em excesso carne vermelha e processada (hambúrgueres, salsichas e nuggets, entre outras) – muito acima do limite de 500 gramas por semana recomendado pelo World Cancer Research Fund, órgão norte-americano para prevenção do câncer. Isso a levou a pesquisar outras implicações do consumo de carne vermelha para a saúde.

Para a produção da tese foram utilizados dados de um inquérito de saúde com amostras de 560 pessoas da cidade de São Paulo e informações sobre consumo diário de alimentos e questionários de frequência alimentar. As análises, a partir de dados de DNA coletados em amostras de sangue, mostraram a presença de marcadores que permitem estimar o estresse oxidativo e o dano ao DNA.

Do Portal do Governo do Estado