Segundo pesquisadores da USP atividades físicas/sociais protegem o cérebro do Alzheimer

É o que indicam estudos recentes feitos pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

sáb, 09/02/2019 - 10h53 | Do Portal do Governo

O estímulo a atividades físicas, sociais e de lazer em idosos e pacientes com doença de Alzheimer pode ajudar a preservar funções cognitivas e retardar manifestações clínicas de demência, como a perda da memória. É o que indicam estudos recentes feitos pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, com apoio da FAPESP.

Os pesquisadores constataram que a estimulação cognitiva e física de camundongos transgênicos envelhecidos – em situação que simula o início tardio do surgimento da doença de Alzheimer – protegeu o cérebro e causou uma melhora na memória espacial dos animais. Os resultados foram publicados na revista Frontiers in Aging Neuroscience.

“Observamos que a estimulação foi suficiente para interromper a formação de placas senis e promover uma ligeira melhoria na memória espacial dos animais”, disse Tânia Araújo Viel, professora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP e coordenadora do projeto.

Ela conta que surgiram diversas evidências nos últimos anos de que a doença de Alzheimer é mais pronunciada em pessoas que tiveram menos estímulos cognitivos, sociais e físicos durante suas vidas.

Os pesquisadores colocaram camundongos transgênicos e outro grupo de camundongos do tipo selvagem em gaiolas com diferentes tipos de estímulos físicos e cognitivos.

Esses ambientes eram compostos por escadas, rodas de exercícios, bolas e objetos com diferentes tamanhos, cores e texturas, que eram trocados a cada dois dias. Já outros dois grupos de camundongos transgênicos e selvagens foram colocados em gaiolas sem receber nenhum desses estímulos.

Os resultados dos testes mostram que os camundongos transgênicos expostos ao ambiente enriquecido apresentaram uma redução de 24,5% no tempo para entrar na caixa de escape uma semana após o período de aprendizagem em comparação com os camundongos transgênicos que não receberam estímulos. “Isso sugere que eles tiveram uma ligeira melhora na memória espacial”, disse Viel.

O próximo experimento que pretendem fazer será para avaliar se o ambiente enriquecido também altera os marcadores sanguíneos relacionados à memória desses animais e de seres humanos. Com isso, pretendem verificar se as diferenças nos biomarcadores cerebrais e sanguíneos que observaram em camundongos também são encontradas em cães e humanos.

“Já temos algumas evidências de que sim, mas estamos fazendo, agora, uma espécie de varredura de vários marcadores biológicos para comprová-las”, disse Viel.

A escolha do cão doméstico como modelo para esse tipo de estudo se deve ao fato de que o animal tende a ter um estilo de vida muito parecido com o do dono. Se o dono for fisicamente ativo, o animal também tende a ser mais ativo, indicam estudos recentes.