Resíduos de cana são usados para produção de mudas de eucalipto

Técnica criada como Trabalho de Conclusão de Curso Etec de Presidente Prudente contribui para a preservação do meio ambiente

sex, 21/09/2018 - 11h13 | Do Portal do Governo

Uma nova forma de utilizar os resíduos gerados nas usinas de açúcar e álcool foi descoberta por alunos do curso técnico de Florestas da Escola Técnica Estadual (Etec) Prof. Dr. Antônio Eufrásio de Toledo, de Presidente Prudente.

Resultado da filtração do caldo extraído nas moendas de cana, a torta de filtro agora é usada na criação de mudas de eucalipto citriodora. A iniciativa oferece uma alternativa ao substrato que pode poluir o meio ambiente quando descartado da maneira errada.

A pesquisa começou a ser desenvolvida em agosto de 2017, a partir da observação das necessidades de empresas da região, segundo Renato de Araújo Ferreira, um dos responsáveis por orientar os alunos envolvidos no projeto. “As usinas estão sempre buscando aperfeiçoar seus processos e isso inclui a destinação de resíduos. Da mesma maneira que a vinhaça (outro tipo de resíduo da cana) ganha novos usos, isso pode ser aplicado à torta de filtro”, explica.

Durante um ano, os estudantes Rogério Claudino, Selma Sartori e Anderson Fermiano fizeram a avaliação, pesquisa e levantamento teórico do projeto. Para testar a eficácia do resíduo produziram 880 mudas de eucalipto, das quais 260 foram avaliadas. Algumas foram criadas com a torta de filtro, outras com o substrato comercial mais utilizado para essa forma de plantio e uma terceira opção com os dois tipos de substrato.

“Ao final dos testes, observamos que as mudas que receberam a torta de filtro tinham resultados tão bons quanto aquelas cultivadas com o substrato industrial. O diferencial é que com a torta de filtro é possível preservar o meio ambiente e economizar na produção”, compara o professor.

O grupo continua pesquisando aplicações para a técnica para ampliar o seu uso no plantio de mudas nativas da região de Presidente Prudente. “Queremos que a reutilização de materiais seja expandida com o uso de outros tipos de resíduos, como os da poda urbana”, conclui Ferreira.

Recomeço

Uma das alunas do grupo que idealizou o projeto, Selma Sartori, tem 53 anos e decidiu voltar a estudar em 2017. Na bagagem, trouxe a experiência do tempo em que trabalhou em uma usina da região, na década de 1980. Ela conta que, a partir do projeto, passou a ter uma nova visão do trabalho.

“Não perdi nenhuma aula, fiz questão de me dedicar e quase chorei de felicidade com os resultados do projeto”, diz. Com a conclusão do curso, Selma se sentiu motivada a continuar estudando. “A sensação de terminar essa etapa foi maravilhosa. Agora quero começar um outro curso na Etec, Administração ou Meio Ambiente.”