
A Penitenciária Feminina da Capital recebe, desde 2016, o projeto Mulheres Possíveis. A iniciativa trabalha temas como gênero, corpo e encarceramento, envolvendo diferentes linguagens, como artes visuais, música, performance, teatro e escrita.
Este projeto criou, entre outubro de 2018 e julho de 2019, o que as organizadoras chamaram de “laboratórios de criação”, com apoio da Secretaria de Administração Penitenciária e o programa Rumos Itaú Cultural 2017-2018. A partir de troca de cartas, oficina culinária e de um laboratório de performance e criação, as 50 participantes do projeto narraram trivialidades e situações complexas de suas vidas, medos e esperanças que deram origem ao livro “Mulheres Possíveis: Corpo, Gênero e Encarceramento”, lançada no Itaú Cultural e na penitenciária em dezembro de 2019.
Entre cartas
As reeducandas trocaram cartas com um grupo de mulheres que estava fora da unidade prisional. Elas não se conheciam e se propuseram a compartilhar histórias criando uma rede de amizade. Cleide de Jesus se correspondeu com E. e ambas perceberam na escrita partes de si que estavam adormecidas.
E., que sempre gostou muito de falar, não sabia que também gostava de escrever e não economizava nas palavras. Igualmente, Cleide respondia com longas cartas. “Usamos o projeto para tirar a cabeça da rotina”, comentou Cleide durante o lançamento do livro na penitenciária.
Para Letícia Olivares, uma das organizadoras do Mulheres Possíveis, o projeto é um ganho duplo. “Através da arte trabalhar as questões humanas, com uma troca enriquecedora para os dois lados”, afirma.