Produtores artesanais buscam alternativas para garantir faturamento durante pandemia

Venda direta a consumidores finais é uma das opções para escoar produção e manter vendas

dom, 10/05/2020 - 9h34 | Do Portal do Governo

Produtores artesanais, em sua maioria sem a infraestrutura comum às grandes indústrias, têm buscado alternativas para escoar a produção durante a pandemia de COVID-19. Com pontos de venda fechados ou sob restrições de funcionamento, a venda direta aos consumidores finais se revelou a melhor alternativa para escoar os estoques e garantir a sobrevivência dos negócios.

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Com 40 anos de experiência na criação de queijos especiais, a produtora Heloísa Collins percebeu a necessidade de mudar rapidamente o modelo de negócios. Essas alterações, que envolveram logística, comunicação e até mesmo a produção de alguns itens, foram implantadas em poucos dias, o que foi importante para interromper a queda na comercialização e manter as vendas em um patamar aceitável.

Tendo equacionado o problema, Heloísa decidiu colocar a plataforma do Capril do Bosque, fazenda onde são criados alguns dos melhores queijos do mundo, a disposição de um grupo de artesãos da região, cuja qualidade a própria mestre-queijeira atesta, e criaram a Cesta de Produtores Artesanais da Mantiqueira. O combo inclui queijos de vaca, cabra e ovelha, embutidos, cafés, geleias, meles e doces, oferecidos em sistema rotativo. A cesta de estreia está sendo vendida a R$ 255 e o prazo de entrega é de até sete dias a partir da data de compra.

Eugênio Basile, da Mbee Mel, integrante deste grupo inicial, afirma que para os produtores artesanais que fornecem para bares e restaurantes, a pandemia impactou em 70% o faturamento e que os 30% restantes só foram mantidos porque passaram a entregar para o cliente final. “A cesta funcionou muito bem e as vendas online aumentaram muito. Esse sufoco que estamos passando talvez traga um ensinamento importante: os pequenos juntos são muito mais fortes”, conclui.

De acordo com Heloísa, a iniciativa já é um sucesso e mais da metade do lote inicial de 100 cestas já foi comercializado. “Os produtos artesanais da Mantiqueira são muito bons e a Capril do Bosque fica contente de poder apoiá-los e estamos seguros de ter feito escolhas adequadas. Os produtores são extremamente compromissados, precisam ser valorizados e apoiados para encontrar novos canais de comercialização”, ressalta a mestre-queijeira.

Atuação do Governo de SP

Desde o inicio dessa pandemia, o Governo do Estado de São Paulo tem trabalhado para garantir a segurança da população e a continuidade dos serviços essenciais. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento atua em duas frentes: assegurar o abastecimento dos produtos agropecuários e atenuar o prejuízo dos produtores rurais.

O isolamento social provocou uma mudança de hábitos, a população que se alimentava em bares e restaurantes passou a cozinhar mais em casa. Os produtores rurais que atendiam a esse segmento precisaram buscar novas alternativas. Para ajudar esses agricultores, a Secretaria de Agricultura, em parceria com a Associação Paulista de Supermercados, (APAS) criou a “Gôndola do Produtor, uma oportunidade de comercialização sem intermediários.

Outra iniciativa que está sendo desenvolvida para garantir renda ao produtor é a “Cesta Verde”. Com a interrupção das aulas nas escolas públicas, houve a paralisação de compra de produtos para a merenda escolar. A princípio, o Governo do Estado entendeu que a maior fragilidade estava nas crianças, que muitas vezes têm na merenda sua principal refeição, então forneceu um voucher às famílias para compra de gêneros alimentícios. Mas, na outra ponta, os produtores rurais que se programaram para atender essa demanda com a esfera pública, ficaram desassistidos. O projeto Cesta Verde vai adquirir esses produtos, separar e compor kits de mais ou menos 5 kg de alimentos que serão destinados às famílias dos alunos das escolas estaduais.

Em parceria com a Desenvolve SP, a agência de desenvolvimento paulista, que realiza operações de sustentável para pequenos e médios empreendedores, a Secretaria de Agricultura estuda uma linha de micro-crédito no valor de até R$ 25 mil. A proposta levará em conta não os agricultores que não acesso ao crédito, mas também os produtos que são importantes para garantir o abastecimento da população.