Porta, Porteira e Portão celebra cultura caipira em Atibaia

Mostra tem entrada gratuita e busca resgatar estilo de vida caipira e quebrar estigma de que a cultura interiorana parou no tempo

sáb, 05/08/2017 - 14h41 | Do Portal do Governo
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Morango é uma tradição de Atibaia e vai ser incorporado à exposição na cidade

A cultura caipira é o destaque da exposição itinerante “Porta, Porteira e Portão – Modos de ‘Falarrr’ e Costumes do ‘Interiorrr’”, que fica aberta até 1º de setembro para visitação no Centro de Convenções Victor Brecheret de Atibaia.

“Porta, Porteira e Portão” reúne painéis, placas interativas e objetos que abordam temas da cultura caipira, incluindo manifestações na música, literatura, religião, festas, culinária e folclore.

O objetivo da mostra é resgatar o estilo de vida no interior e quebrar o estigma de que a cultura interiorana do país parou no tempo.

Uma instalação interativa apresenta antigos monóculos fotográficos pendurados em fitas coloridas, que possibilitam aos visitantes relembrar a relação com o registro fotográfico do passado.

Iguarias da culinária caipira, como pé de moleque, paçoca, pipoca doce e bala Chita foram acondicionados em potes de vidro para evocar sentimentos como o afeto, a saudade, a infância e as receitas caseiras.

Há, ainda, uma coleção de versos musicais, simpatias, superstições, contos e causos, além de curiosidades sobre remédios e benzedeiras.

“Criamos a mostra para disseminar o conhecimento sobre a identidade e o repertório caipira, valorizando a tradição local e preservando a memória cultural. É também uma forma de lembrar que tais elementos ainda estão muito fortes no interior”, explica a historiadora Renata Gava, da Engenho Cultural Assessoria e Consultoria.

Ao lado do museólogo Rodrigo Santos, Renata foi responsável pela curadoria da exposição. Ela acredita que a mostra apresenta uma leitura contemporânea sobre os elementos do passado, com intenção de demonstrar como o caipira se reinventou com o passar dos anos.

“São símbolos que fizeram parte das rotinas de nossos pais e avós, ou até mesmo de nossas infâncias e, que, por isso, despertam a memória afetiva dos visitantes. É como se cada um pudesse reencontrar o caipira dentro de si”, define o museólogo Rodrigo Santos.

Histórico da exposição

Antes de Atibaia, a exposição percorreu as cidades de Santa Bárbara d’Oeste, Campinas, Cordeirópolis e Holambra, todas integrantes da Região Administrativa de Campinas do SISEM-SP. Em cada município, foram incorporados novos elementos, como fotografias e objetos, como forma de permitir que a identidade caipira local também esteja mais próxima do público.

Em cada uma das cidades, os curadores promovem um trabalho de qualificação e capacitação dos agentes locais para o acolhimento das visitas monitoradas ou em grupo. As crianças que fizerem visitas agendadas por suas escolas recebem uma cartilha com desenhos para colorir, caça-palavras, jogo dos sete erros e código secreto.

Em Atibaia, os responsáveis pelo Centro de Convenções já asseguraram a presença mínima de 1.800 crianças das escolas da cidade nas primeiras semanas da mostra.

De acordo com a Secretaria de Cultura e Eventos da Prefeitura da Estância de Atibaia, a cidade fundada no ano de 1665 serviu de passagem para os bandeirantes que desbravaram o interior paulista e fundaram estados como Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.

Atibaia ainda é apresentada como tendo uma zona rural extensa e economia abastecida pela agricultura, especialmente pela produção de flores, frutas de caroço (pêssegos e ameixas) e morangos.

Entre os elementos caipiras que se mantiveram com o passar dos anos em Atibaia estão a Malhação do Judas, realizada no Sábado de Aleluia, e a difusão da música raiz por grupos e duplas locais. Atibaia ainda preserva as rezas nas capelas, as Rezas para São Gonçalo, ladainhas em latim, as quermesses, os leilões de gado e a gastronomia da roça. O sotaque caipira, neste misto de tradições portuguesas e indígenas, ainda é falado.

A exposição “Porta, Porteira e Portão – Modos de ‘Falarrr’ e Costumes do ‘Interiorrr’” é realizada pelo Programa de Ação Cultural (ProAC), do Governo do Estado de São Paulo, via Edital de Difusão de Acervos Museológicos.