Poli-USP vai abrigar caverna de estocagem de gás carbônico que começa a operar em 2022

A primeira “caverna-piloto” pode estar pronta em 2022 e é resultado de pesquisas realizadas no Centro de Pesquisa para Inovação em Gás RCGI

qui, 14/02/2019 - 10h00 | Do Portal do Governo

Um conjunto de tecnologias, que deve ter seus primeiros resultados aplicados em quatro anos, tem como objetivo resolver um dos maiores problemas da exploração de óleo e gás no mundo hoje: a emissão de dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) na atmosfera.

Resultado de uma patente depositada no ano passado, a inovação consiste em injetar o CO2 e o CH4 que saem dos poços durante a extração de petróleo em cavernas de sal, de forma a abater o gás carbônico da conta das emissões.

A primeira “caverna-piloto” pode estar pronta em 2022 e é resultado de pesquisas realizadas no Centro de Pesquisa para Inovação em Gás (RCGI), constituído pela FAPESP e pela Shell, com sede na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

“Esse é um conceito conhecido como carbon capture storage (CCS). Nesse caso, o CO2 fica estocado em grandes cavernas na própria camada de sal. Essa talvez seja uma das melhores formas de obter energia limpa de um combustível fóssil durante o processo de produção”, disse Julio Meneghini, professor da Poli-USP e coordenador do RCGI.

O local da caverna que vai receber os primeiros testes ainda não está definido, mas deverá ser em alguma das áreas do pré-sal. Nessa primeira fase, ela deve ter metade do tamanho das cavernas que serão usadas quando a tecnologia estiver funcionando em sua capacidade total: 450 metros de altura por 150 metros de largura.

Segundo Meneghini, o Brasil será o primeiro lugar no mundo em que esse conceito vai ser aplicado, e o modelo poderá ser exportado para outros países. O pesquisador prevê que até 2022 comecem pelo menos os primeiros testes ou se inicie a construção da caverna. No cenário mais otimista, será o ano do início da operação da caverna.

Outra tecnologia relacionada às cavernas de dióxido de carbono são os separadores de gás. Também devido às condições do pré-sal, estão sendo desenvolvidos os chamados separadores supersônicos com geometria variável para cada composição da mistura de CO2 com metano.

A captura de gás carbônico pode ocorrer ainda na geração de etanol. “O gás capturado pode ser estocado ou aproveitado na indústria alimentícia, na produção de bebidas gaseificadas como refrigerantes. Com isso, pode-se chegar inclusive a valores negativos de emissões”, disse Meneghini. “Os experimentos ainda são realizados em pequena escala”, acrescentou.

As tecnologias surgem num contexto em que há um aumento da demanda de energia per capita no mundo e a necessidade de mitigar emissões, por conta das mudanças climáticas globais.