Trabalho de mais de cem anos

Pesquisas conduzidas pelo Instituto de Zootecnia de São Paulo avançam pelo campo da genética com o objetivo de melhorar os rebanhos brasileiros

qui, 02/08/2012 - 11h10 | Do Portal do Governo

Desde que foi criado em 1905 para melhorar a genética do boi até este mês em que completou 107 anos, o Instituto de Zootecnia (IZ) ganhou outras atribuições na pesquisa para o agronegócio no Estado. Hoje, em suas duas unidades (Nova Odessa e Sertãozinho), desenvolve métodos de ganho de peso em gado para corte e leite, porco, carneiro, além de melhoria genética de capins, manejo na pastagem e outras atividades paralelas. O instituto começou na capital, no bairro da Mooca, onde não há vestígio de sua passagem. Depois, mudou-se para o Parque da Água Branca e, finalmente, em 1975, fixou-se em Nova Odessa, na região de Campinas. A unidade de gado de corte funciona em Sertãozinho.

O diretor substituto, Evaldo Ferrari Júnior, informa que o IZ de Nova Odessa atua hoje na melhora do gado leiteiro, da nutrição animal e pastagens, genética e reprodução, ovinocultura e suinocultura. Na fazenda de Sertãozinho, o foco é a pesquisa genética de gado de corte das raças nelore, caracu e guzerá.

Ferrari assegura que boa parte do nelore espalhado pelo território brasileiro foi obtida com sêmen ou matriz de Sertãozinho. O mesmo vale para o leiteiro, estudado em Nova Odessa. Na fazenda de gado de corte, diz, a grande novidade é a pesquisa de ganho de peso. É uma técnica estudada há anos em que o animal ganha mais peso em menor tempo e comendo a mesma coisa que outro. “Já temos o primeiro boi com este melhoramento genético e seu sêmen está disponível”.

Na área de gado leiteiro, Ferrari conta que o IZ trabalha com instalações adequadas a fim de que o animal tenha as melhores condições possíveis de vida cotidiana para que aumente sua produção. “Fazemos tudo para evitar o estresse da fêmea, como calor e umidade adequados e outras estruturas que a deixem tranquila”.

Carne apreciada

Ricardo Lopes Dias da Costa, responsável pela área dedicada à ovinocultura (carneiros), conta que a Zootecnia trabalha no aprimoramento genético para obtenção de animais de corte. “A carne de cordeiro é bastante apreciada, a produção nacional não atende à demanda interna e boa parte do que consumimos ainda é importada”, argumenta o técnico, apostando firme nos ovinos das raças Santa Inês e Morada Nova (nacionais), Texel e Dorper.

O pesquisador explica que há tipos de ovinos que dão mais lã que outros. “Uma raça é boa para o abate. Há aquela que produz ótima pele, e outras que fornecem leite de qualidade comercial. “Aqui em Nova Odessa, nos preocupamos mais com a carne”.

Os animais são espalhados no pasto para cruzar. Depois, as fêmeas prenhes são separadas. Assim que criam, são enviadas a uma área coberta para cuidar dos filhotes. Atualmente, o instituto comporta 700 ovinos. Assim que a população aumentar, o excesso será vendido a produtores. Lopes conta que cada animal custa de R$ 200 a R$ 250.

Porco limpo

Pesquisa de nutrição para suínos de corte é o trabalho do zootecnista Fábio Henrique Lemos Budiño. “Acrescentamos substâncias na ração dos porcos para ver quanto eles ganham em peso em determinado tempo”. Os produtos que o animal ingere em seu cardápio diário são aditivos nutricionais, como probióticos, prebióticos, acidificantes e enzimas. “A ideia é que o animal cresça sadio sem ingerir produtos que façam mal ao homem, como antibióticos, por exemplo”, justifica Budiño.

Ele cita algumas pesquisas que tiveram importância para o produtor nacional de suínos, como soja na ração, lactose para leitões e métodos seguros de castração para porcos. A carne suína, reconhece o pesquisador, ainda é pouco consumida no Brasil: são cerca de 15 quilos por pessoa, enquanto na Europa o consumo é mais que o dobro. “Talvez ainda seja o medo de doenças. No entanto, o porco brasileiro é criado nas normas sanitárias mais rigorosas possíveis. A carne é de qualidade”, garante.

No Laboratório de Bromatologia e Minerais, os técnicos analisam a composição
química de alimentos para animais. São produtos, fabricados ou naturais, enviados por empresas e fazendas produtoras. “Podem ser rações e plantas consumidas por animais”, conta a bióloga Rosana Possenti, diretora do laboratório. Há, também, fabricantes que desejam analisar seu produto para obter um selo de qualidade do instituto. São mais de 3 mil análises por mês.

Os técnicos do laboratório também trabalham na pesquisa alimentar de bovinos. O boi passa por uma cirurgia para a implantação de um buraco em seu estômago, a fístula. O trabalho é totalmente indolor e não causa sofrimento. Nesta fístula, é introduzido o alimento que se quer estudar, o qual irá direto ao estômago, sem passar pela boca ou garganta.

Da Agência Imprensa Oficial