Professores promovem inclusão digital e aumentam os índices de aprendizagem

O “Aprendizagem e Inclusão Digital” existe há três anos e dobrou a nota da escola Astrogildo Silva no Saresp

seg, 30/07/2018 - 9h40 | Do Portal do Governo

Você sabia que sua escola tem todas as condições para ser um ambiente de inclusão digital? E toda a tecnologia disponível nas unidades da rede estadual paulista promove a aprendizagem dos estudantes. Para continuar as festividades do Mês da Educação, hoje você conhecerá o projeto desenvolvido pelos professores da escola estadual Professor Astrogildo Silva, no Sacomã, que entenderam a urgência e trabalharam em prol do assunto, depois colheram os frutos do aprendizado.

O projeto “Aprendizagem e Inclusão Digital” nasceu da vontade de colocar em uso a sala de informática da unidade, em 2016. O professor de História, Bruno Amaral Alves de Oliveira, navegando pela internet descobriu a ferramenta “Google Sala de Aula” e compartilhou a informação com seu colega, o professor de Matemática Gustavo Orsati Rodrigues.

“O Bruno me disse sobre o Google e eu pensei ser algo muito burocrático. Aí começamos a criar algo menos difícil”, relembra Gustavo. A ideia era simples, dar vida a um projeto que promovesse a aproximação dos professores com os alunos, não só em forma de amizade e de bom trato, mas para que a aprendizagem acontecesse. “E tínhamos a sala de informática, que não era muito utilizada. Não tinha realmente um plano para trabalhar com a molecada naquele local. E soltar eles lá, apenas como recreação, não daria certo. A gente precisava dar um sentido para o uso da sala de informática”, acrescenta Bruno.

A primeira etapa, então, foi entender que a tecnologia é parte da vida da nova geração. Negar isso só torna a caminhada dos educadores mais difícil. Assim, usar o “Google Formulários” como ferramenta de trabalho com as crianças foi o ponta pé inicial para que o objetivo fosse conquistado, aos poucos. Bruno e Gustavo começaram, então, a incentivar o uso do celular como material fundamental para o sucesso do “Aprendizagem e Inclusão Digital”.

Os professores procuraram parceiros que disponibilizaram o material necessário e instalaram um roteador, podendo assim os alunos fazerem uso da rede sem fio disponível pelo Governo do Estado em um ambiente demarcado da Astrogildo. Essa foi somente a primeira conquista do projeto.

Com pouco tempo, outros professores começaram a aderir à nova forma de aprendizagem que se estabelecia na unidade, tornando a iniciativa uma tarefa multidisciplinar. Era a vez de ir para a segunda etapa: um ambiente virtual de aprendizagem.

Os professores decidiram, então, que era necessário fortalecer a Astrogildo nas redes sociais e criaram a página oficial no Facebook. Depois, cada professor criou um blog específico sobre cada disciplina, onde os alunos pudessem ter acesso a materiais de apoio. Para amarrar tudo isso, os protagonistas inventaram o aplicativo para smartphone “Astrogildo Online”. “A gente fala, ‘olha gente, baixem porque se trata de um agregador’. É uma forma mais fácil de acessar os conteúdos de todos os professores”, diz Bruno Amaral.

Os resultados logo começaram a aparecer. Além das avaliações internas, como provas e trabalhos, os alunos e a Astrogildo aumentaram a nota do Saresp – Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo. “Eu acredito que a aprendizagem melhorou, pois pegamos como base os índices do Saresp. Há quatro anos nosso índice era 1,66, e agora, com o terceiro ano do projeto, nossa nota subiu para 3,20”, comenta Gustavo Orsati.

Bruno Amaral concorda, mas esclarece que os professores não dão aulas diferenciadas pensando na avaliação externa. “A gente não dá aula para o aluno ir bem no Saresp. Mas quando você vê que está trabalhando com o público de periferia, de forma diferenciada para que o cara aprenda, e você chega no outro ano e consegue ver que o cara realmente aprendeu, não só através das suas avaliações, mas também pela avaliação externa, é algo muito legal”.

Segundo o professor de História, um projeto como este faz com que a comunidade escolar passe, até mesmo, a cuidar melhor do patrimônio. “Quando esse tipo de informação chega para o aluno, para os pais dos alunos, isso reflete no pensamento das pessoas. Até a questão do pertencimento, do cuidado com a escola tem melhorado”, finaliza.

O projeto, que começou com pequenas atividades online, cresceu e passou a ter blogs específicos para cada matéria, uma página na rede social e até mesmo um aplicativo onde se pode gerenciar tudo não dá indícios de que deve parar por aí. Pelo contrário, a tecnologia se reinventa a cada dia, o que possibilita a criação de novas abas de trabalho dentro do “Aprendizagem e Inclusão Digital”.

Segundo Bruno Amaral, “o professor não pode se tornar obsoleto. Nós professores é quem temos que correr atrás disso, de ficar atualizado. Se tem um agente da sociedade que não pode ficar para trás é o professor”, destaca.

Gustavo Orsati segue a mesma linha de raciocínio. “A tecnologia está presente no nosso dia a dia, a gente não vive mais sem celular, sem computador e sem internet. Se a gente não se adequar, a aula vai ficar menos interessante. E o aluno quer algo inovador, que chame sua atenção, algo mais próximo de sua realidade. Eles estão com a ferramenta diariamente nas mãos, e se a gente não se adequar, cada vez menos, teremos a atenção dos estudantes”, elucida.