Feira de Reabilitação termina hoje

Mais de 200 mil pessoas prestigiam eventos da feira que reúne 100 empresas para mostrar inovações tecnológicas para pessoas com dei ciência

sex, 17/08/2012 - 10h31 | Do Portal do Governo

Pela necessidade de criar produtos, equipamentos, serviços e tecnologias inovadoras para reabilitar a pessoa com deficiência e oferecer melhoria na qualidade de vida, representantes do Poder Público e da indústria e lideranças do terceiro setor se reúnem na Feira e Fórum de Reabilitação 2012, no Palácio de Convenções do Anhembi. Pela primeira vez houve unificação da Feira e do Fórum para ampliar o conhecimento, a experiência, o intercâmbio e as oportunidades de negócio. Até hoje, o público continuará a debater com especialistas nacionais e internacionais prioridades, avanços e propostas para o setor.

São esperados mais de 200 mil visitantes nos dois congressos de medicina física e reabilitação profissional, no seminário internacional sobre tecnologia em órteses e próteses e no encontro internacional de tecnologia e inovação para pessoas com deficiência. Promovido pelo Hospital Feiras e Fórum, em parceria com a Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o evento tem público formado por médicos, fisioterapeutas, terapeutas, nutricionistas, pedagogos, ortopedistas, neurologistas, técnicos de implantes cirúrgicos, entre outros.

Afinal, dos 7 bilhões de habitantes do planeta, 1 bilhão são de pessoas com algum tipo de deficiência. Só no Brasil são 45 milhões. No Estado de São Paulo, 9 milhões. Os dados foram lembrados pela presidente da Feira e Fórum, Waleska Santos, na abertura do evento. “Apesar da grandeza desses números, é extraordinária a carência de produtos, equipamentos e serviços para esse contingente de pessoas”. Frente à realidade, diz que o desafio “é estimular a indústria a investir em pesquisa e desenvolvimento de produtos para que a oferta e qualidade se ampliem e os preços fiquem mais acessíveis”.

Mercado promissor

Waleska reforça que são 30 anos na “luta por mais oportunidades, dignidade, qualidade de vida e acesso à saúde, educação, trabalho e ativida des culturais e sociais. É preciso fazer o setor avançar”. Segundo a Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, 80% do total de um bilhão de pessoas com deficiência vivem em países em desenvolvimento. Aferido pela OMS, o dado inclui pesquisa em 150 países. A presidente da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação, Marta Imamura, afirma que o evento “é uma chamada urgente para tomar ações fortes para conseguir mudanças que atendam às pessoas com deficiência”.

O coordenador do Comitê da Cadeia Produtiva da Saúde da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Ruy Baumer, diz que “incentiva os empresários a investir nesse mercado promissor. Se houver desoneração, o setor responderá ainda mais com investimento, novos produtos e criação de novos empregos”. No Brasil, pouco mais de 30 empresas dedicam-se exclusivamente à produção de equipamentos e produtos para o setor. Fisioterapeuta da Rede Lucy Montoro, Dayana Lopes compareceu ao evento em busca de novidades. “Vim ver de tudo porque preciso me manter atualizada. Aproveitarei para fazer contatos com profissionais e trocar experiências”. Como a maioria dos atendimentos que faz é de pacientes com lesão medular ou que tiveram Acidente Vascular Encefálico (AVE), busca informações mais detalhadas para cuidar desses grupos.

Márcia Valeria Tonolo, que trabalha no setor de internação do Incor, veio atrás de novidades e atualizações. Informa que, em breve, o Incor criará serviço específico para atender paciente com deficiência. Guiado pelo cão Mac, Daniel Monteiro veio debater caminhos que “possam consolidar os direitos da pessoa com deficiência. Quero conhecer as novas tecnologias e as inovações da exposição”.

Próteses biônicas

Mais de cem empresas nacionais e internacionais mostram novos produtos, equipamentos e serviços na feira de Reabilitação. Uma espécie de triciclo elétrico chamou a atenção dos cadeirantes. O autor do invento, Júlio Oliveira, da Unesp, explica que a bicicleta pode ser acoplada a qualquer cadeira de rodas. Feita para andar em ambiente externo, percorre até 25 km numa velocidade de até 30 km/h, bem superior às convencionais, que chegam a 7 km/h. Em patenteamento, oferece segurança com duplicação de freios dianteiros, o motor é na roda e o movimento é feito por sistema de tração elétrica, informa Oliveira.

Acomodado no triciclo, Nivaldo Alves desfila incansavelmente pela feira. “Dá sensação de liberdade, tenho impressão de andar de bicicleta”. Diz que a velocidade ajudará a se locomover nas ruas e ciclovias e evitará problemas nas articulações. Enquanto Alves testava o equipamento, Anderson França observava atentamente. Ficou curioso para saber sobre o engate e a bateria. “Até me vejo circulando no Parque do Ibirapuera acompanhado de amigos que andam de bicicleta e que correm no local”.

Próteses biônicas também atraem o visitante. Especialmente a usada pelo atleta sul-africano Oscar Pistorius, o primeiro velocista amputado das duas pernas a competir numa Olimpíada. “Tornou-se um sucesso de vendas o modelo que o atleta usou nos Jogos Olímpicos de Londres. Todo mundo quer a prótese do Oscar”, relata Jairo Blumenthal, diretor da Blumenthal, uma das distribuidoras da prótese no Brasil. Criada na Islândia, as pernas mecânicas copiam o movimento dos pés, absorvem o impacto no solo e dão impulsão às passadas, esclarece.Inovações e tecnologias

Em seu estande, há mão biônica com articulação dos cinco dedos que permite inúmeros movimentos, flexiona o punho e pode ser confeccionada sob medida para cada pessoa. Pode ser usada com luva cosmética, de silicone de alta definição, bem semelhante à textura e cor da mão humana. No estande da Lucy Montoro, a fisioterapeuta Simone Ponsoni põe o robô In motion em ação. “Não conhecia o equipamento e quero saber qual é a sensação”. Depois de testá-lo, avaliou que “traz a vantagem por continuar os movimentos mesmo se o paciente não conseguir finalizar ou não puder iniciar a tarefa. Na terapia convencional, isso não é possível”.

Ao lado, Nelson Ueda usa o equipamento Armeo spring. Mesmo sem força para abrir e fechar a mão e para movimentar os dedos, consegue colocar alimentos no carrinho com a ajuda da máquina. Teclado ampliado com encaixe de teclas, sistema de monitoramento de vagas destinadas à pessoa com deficiência e ao idoso e inúmeras cadeiras de rodas, das tradicionais às que se movimentam ao toque do queixo.

Do Portal do Governo do Estado