Zôo quer ficar mais acessível para receber deficientes

Folha de São Paulo - Sábado, dia 19 de agosto de 2006

sáb, 19/08/2006 - 14h41 | Do Portal do Governo

Projeto prevê passarela, rampas, elevador e calçadas com piso antiderrapante

Direção do zoológico paulistano apresentou proposta a empresários, para que se se tornem parceiros na reforma

AFRA BALAZINA

DA REPORTAGEM LOCAL Um projeto para tornar o Zoológico de São Paulo mais acessível a portadores de deficiência foi concluído e apresentado ontem a empresários. Estão previstas na proposta a colocação de uma passarela, rampas, elevador e calçadas com piso antiderrapante na entrada do zôo. Outra intenção é fazer a adequação de banheiros, bebedouros e telefones públicos.

A direção do zoológico espera que empresas se tornem parceiras do projeto e, como contrapartida, sua marca será exibida aos visitantes. Uma readequação completa deverá levar três anos para ser concluída.

“Precisaremos pensar numa logística para que a reforma não incomode os animais [são 3.500 no parque] nem atrapalhe os visitantes”, disse o diretor administrativo do zôo, Antonio Carlos de Carvalho Filho.

Em 2005, dos cerca de 1,2 milhão de visitantes, 29.323 eram idosos e 6.930, pessoas com algum tipo de deficiência.

“Só existe um banheiro adequado para cadeirante, fica perto do recinto do hipopótamo. E existem degraus para chegar às lanchonetes, o que impede o nosso acesso às áreas de alimentação”, afirmou a cadeirante Fátima de Oliveira, 46.

Ela fez parte da equipe da Avape (Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais), que realizou uma “varredura” no zôo para identificar os problemas de acessibilidade.

Oito conjuntos de banheiros precisam ser adequados aos deficientes. “A iniciativa é um grande passo para que mais portadores de deficiência freqüentem o zôo. É uma questão de sensibilidade”, disse Fátima.

Segundo o diretor, serão instaladas também placas com informações em braile nos recintos dos animais. “O parque foi construído há 48 anos, quando ainda não se tinha grande preocupação com a questão da acessibilidade. Caminhar pelo zôo hoje é um problema, o piso é velho e irregular, e há muitas áreas com aclive.”

Segundo ele, apesar de não passarem veículos por ali, existem ruas e calçadas no local. “A calçada acaba, então, tornando-se um obstáculo.”Primeira fase

Até o final deste ano, segundo Carvalho Filho, será finalizada uma sala de sensações para os portadores de deficiência visual, motora e auditiva.

No local haverá sons de bichos, animais empalhados e cascos, unhas e cornos para serem tocados pelos visitantes.

A segunda ação será criar um ecoponto no local, que receberá pneus velhos e sem utilidade. Os pneus integrarão o concreto que será colocado nas calçadas e pavimentação. “Esse concreto com pequenos pedaços de borracha é chamado de concreto deformável e isolante. É mais macio que o concreto comum, feito com brita. Por isso fica mais fácil para o cadeirante se locomover”, disse o médico do trabalho Jobair Ubiratan da Silva, 58, da Avape.

De acordo com ele, portadores de deficiência trabalharão no ecoponto do zôo. A sala e o ecoponto têm custo estimado de R$ 26 mil pelo diretor Carvalho Filho.