Xiloteca guarda amostras de 3 mil árvores

O Estado de S. Paulo - Quinta-feira, 3 de junho de 2004

qui, 03/06/2004 - 9h48 | Do Portal do Governo

Coleção do IPT serve para identificação de espécies usadas em construção ou obras históricas

Herton Escobar

A sala 22 do Prédio 11 do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), na Cidade Universitária, guarda uma preciosidade ambiental.

Ali estão armazenadas as amostras de madeira de aproximadamente 3 mil espécies de árvores do Brasil e do mundo, de todos os tamanhos, cores, aromas e sabores. Do exótico ébano africano ao popular pinus. Uma jóia da biodiversidade florestal, preservada em algumas dezenas de gavetas.

Conservada de maneira impecável, a Xiloteca Calvino Mainiere desempenha um importante papel técnico-científico e ambiental. Suas mais de 19 mil amostras servem de modelo para a identificação de espécies usadas na construção civil e na restauração de obras históricas.

‘Quando um madeireiro pega um pedaço de madeira, normalmente tenta identificá-la pelo peso, tato, cheiro e até pelo gosto. Mas como há um grande número de madeiras parecidas, surgem confusões’, explica o curador da xiloteca, Geraldo José Zenid. Ele recebe cerca 30 pedidos de análise por mês, principalmente de empresas interessadas em saber se não estão comprando gato por lebre – ou pinus por cedro, por assim dizer. Há também os pedidos de restauradores, para saber com qual madeira estão trabalhando. As amostras são recebidas e identificadas com base no acervo da xiloteca. Para algumas, basta um olhar do experiente Zenid. Para outras, é preciso uma análise microscópica, e alguns laudos podem demorar meses para sair.

Ontem foi lançado o guia Madeira: Uso Sustentável na Construção Civil, uma parceria entre o IPT, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e o Sindicato das Indústrias de Construção Civil de São Paulo. A idéia é que a publicação, com a descrição de 23 espécies, dê opções para o setor e evite o uso de espécies ameaçadas.

‘É uma forma de conhecer melhor e valorizar o material. E ao valorizar a madeira, valorizamos também a floresta’, observa Zenid.