‘Vou ser boicotado’, afirma autor de laudo

O Estado de S.Paulo - Sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

sex, 16/02/2007 - 11h07 | Do Portal do Governo

De O Estado de São Paulo

Um escritório de apoio minúsculo, recém-alugado num bairro de classe média de Santo André, na região do ABC. E uma empresa com sede nos fundos de um imóvel antigo, em outro bairro da cidade. Perspectiva zero de obter novos trabalhos, pelo menos com as empreiteiras que formam o Consórcio Via Amarela – CBPO (Grupo Norberto Odebrecht), Queiroz Galvão, OAS, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Esta é a situação em que se encontra o técnico em soldagem Nelson Damásio, de 35 anos, que assinou o laudo que reprovou soldagens feitas na estrutura metálica na futura Estação Fradique Coutinho da Linha 4 do metrô, atestando a possibilidade de acidentes. ‘Com certeza eu vou ser boicotado. Por uns bons anos não vou trabalhar (para essas empresas).’

Damásio fez questão de ressaltar que o laudo, em nenhum momento, apontou possibilidade de desabamento das obras. Mas sim ‘risco iminente de algum incidente ou acidente’. ‘Quem que me desqualifica entende tanto de solda quanto eu de metrô. Para esse tipo de trabalho não existe solda provisória. Qualquer movimento sobre a estrutura, com as soldas feitas de modo errado, pode provocar uma queda. E há operários trabalhando lá embaixo. Não fiz nada na incerteza.’

O técnico, que alega ter outros clientes de grande porte, mas não citou os nomes, afirmou que o escritório de apoio da sua empresa está sendo formado. No local há apenas uma mesa, quatro cadeiras e uma escrivaninha. ‘Estamos montando tudo.’ Com relação à sede da empresa, disse ‘não querer tumulto em frente ao local.’

CREDENCIADO

Sua contratação pelo consórcio, contou, foi feita por um contato cujo nome não foi revelado. ‘Nem sei como chegaram a mim. Quando conversaram comigo, queriam saber se eu era inspetor de soldas de nível 1. Disse que sim e me contrataram. Sou qualificado e credenciado pela Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem.’