Von Stade canta de Bizet a Piaf na Sala São Paulo

Folha de São Paulo, segunda-feira, 4 de agosto de 2008

seg, 04/08/2008 - 15h53 | Do Portal do Governo

Vai ter Schubert, Richard Strauss e Bizet, mas também Piaf e musicais da Broadway. A mezzo-soprano americana Frederica Von Stade canta em São Paulo, hoje e quarta-feira, na série do Mozarteum Brasileiro, programa variado e leve, que chega perto do “crossover”. “O que me fascina no ato de cantar é que ele cruza tantos mundos distintos”, diz. “Eu cresci com o musical, fico à vontade com esse repertório.” A apresentação está organizada em seis blocos, com temas distintos, como “Rosas”, “Paris” e “Religião”. Estão contemplados compositores modernos norte-americanos, como Ned Rorem e Aaron Copland, além da canção francesa, de Ravel e Debussy, fechando com um bloco Broadway, que traz “I Can’t Say No” (Oscar Hammerstein), “Send in the Clowns” (Stephen Sondheim) e “I Am Easily Assimilated” (Leonard Bernstein). “Quando comecei a cantar, os programas tinham orientação muito mais clássica, talvez porque, nos EUA, havia mais gente que entendia francês e alemão”, diz. Para ela, nos últimos anos, o público norte-americano tem preferido ouvir mais músicas em seu idioma -o que abre espaço não só para o musical, mas também para a criação contemporânea. De autoria de Jake Heggie, 47, que a acompanha ao piano nas apresentações paulistanas, a cantora interpreta uma cena da ópera “Dead Man Walking”, estreada em 2000, e baseada no livro que deu origem ao filme “Os Últimos Passos de um Homem” (1995), de Tim Robbins.

Família

Aos 63 anos, Von Stade é uma respeitável avó, que dá aos afazeres familiares pelo menos tanta importância quanto à música. Quando falou à Folha, por telefone, estava em Washington, ajudando na mudança da filha para uma casa nova. “Hoje faço umas 50 apresentações por ano. Desacelerei um pouco, porque tenho família, netos, outros compromissos.” Nesta contabilidade, os recitais com piano, como os que fez por aqui em 1995 e 2001, têm mais presença que as óperas. “Minha voz não me permitiu cantar grandes papéis de mezzo-soprano, como Eboli [no “Don Carlo”, de Verdi]”, diz ela, cuja carreira operística esteve centrada em papéis mozartianos e no repertório francês. “Sempre interpretei personagens jovens, de homem ou mulher. Com o tempo, isso foi ficando esquisito no palco.” Para ela, o recital é mais trabalhoso para o intérprete no sentido de cativar o público. “A gente não tem apoio de cenário, nem de figurino; só temos a nossa cara, e o piano.”

FREDERICA VON STADE

Quando: hoje e qua., 21h

Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 0/xx/11/3337-5414)

Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos

Quanto: R$ 50 a R$ 140

Folha de São Paulo

(C.C.)