Vitória contra o crime

Diário de S. Paulo - 29/11/2002

sex, 29/11/2002 - 11h06 | Do Portal do Governo

Opinião do Diário

O desmantelamento da nova cúpula da maior facção criminosa paulista vem comprovar que, quando existe vontade política do Governo para enfrentar um problema, é possível vencê-lo, por mais complicado que seja e por mais demorada que venha ser a sua solução.

A organização ora em via de extinção foi fundada em agosto de 1993 na Casa de Tratamento e Custódia de Taubaté, mais conhecida como “Piranhão”. Aos poucos, foi tomando vulto e passando a controlar a massa carcerária do estado, promovendo fugas, rebeliões e tráfico de influência dentro dos presídios, graças à enraizada corrupção prisional, que não é exatamente um “privilégio” paulista.

Mas até mesmo esse tumor tem sido removido lentamente, como demonstra a sensível redução das evasões e motins. Graças a um competente e persistente trabalho do Ministério Público e da Polícia, os chefões do crime organizado vêm sendo identificados e isolados desde março de 2001, após rebeliões em série no estado. Na época, não custa lembrar, a opinião pública chegou a questionar se a lei conseguiria derrotar o crime ouse a sociedade ficaria refém das máfias cada vez maiores e mais organizadas.

Hoje, felizmente, pode-se dizer que no estado de São Paulo esse temor já não existe mais, ou, se ainda persiste, é bem reduzido, devido à seriedade com que o Palácio dos Bandeirantes, por intermédio da Secretaria da Segurança Pública, vem encarando a situação. É claro que os responsáveis pelo triunfo não podem dormir sobre os louros conquistados, pois os bandidos não dormem de touca. Ao contrário, estão sempre aprontandoe elucubrando novas artimanhas.

É preciso continuar de olhos abertos, pois o crime organizado se parece com uma hidra, a mitológica serpente cujas sete cabeças renasciam logo depois de cortadas. Mas mesmo este monstruoso animal foi morto por Hércules. Na falta desse herói, cabe ao Estado golpear as mentes doentias que até hoje insistem em se reproduzir a cada ceifada oficial. Não se pode dar trégua ao banditismo, que não perdoa ninguém. É jogo bruto.E os criminosos não respeitam regras.