Começa hoje a terceira edição da Virada Cultural Paulista. Em Rio Preto, a largada será dada por Arnaldo Antunes, às 18h, no anfiteatro da Represa. A partir daí, serão 28 atrações nas áreas da música (especialmente da música), teatro, dança, cinema e circo levadas à Represa, ao Sesc, Teatro Municipal e Cine Eldorado até as 18h de amanhã – quando o balanço do Funk Como Le Gusta fecha a maratona. O secretário municipal de Cultura Deodoro Moreira está otimista quanto ao interesse pelo evento este ano. “Esperamos que supere as edições anteriores e receba um público de mais de 60 mil pessoas.” É uma projeção bem superior a 2008, quando o público foi de 25 mil. A programação para Rio Preto revela uma vocação mais roqueira que de MPB, ao contrário do que foi o ano passado. Além do ex-titã Antunes, shows de Seychelles, Ludov, Sepultura, Necrofobia e Garotas Suecas mostram bem isso. Exceção para o samba-funk do Funk Como Le Gusta.
Maior evento cultural do Estado de São Paulo, a Virada Cultural Paulista é uma realização da Secretaria de Estado da Cultura com apoio das prefeituras. No interior e no litoral, é realizada desde 2007. A iniciativa é uma extensão da Virada em São Paulo, que começou em 2005 e espalhou só na edição deste ano 800 atrações pelas ruas da capital, com 4 milhões de pessoas nas ruas. Já para a edição 2009 da “Virada do Interior”, como também é conhecida, 20 cidades receberão 583 atrações. O público estimado é de 1 milhão de pessoas. O investimento é de R$ 7 milhões – sendo R$ 5,5 milhões do Estado e R$ 2,5 milhões na soma das prefeituras, que entram com infraestrutura – ao Estado cabe montagem da programação, pagamento dos cachês e custos com transporte e hospedagem.
Os números crescentes no interior e na capital mostram que a Virada “pegou”. “A base do sucesso do programa está no tipo de experiência, que é diferente, no convívio urbano, na retomada dos espaços públicos por meio da cultura”, diz ao Diário o secretário de Estado da Cultura, João Sayad. São 24 horas gratuitas de cultura – que só são interrompidas entre as 4h e 10 da manhã. Aliás, os horários de algumas atrações conferem uma característica toda peculiar ao projeto. Como será ver, por exemplo, a Orquestra de Berimbaus do Morro do Querosene se apresentando às 10h deste domingo, lá na Represa? Ou pegar a sessão corujão de “O Céu de Suely”, de Karïm Ainouz, no Cine Eldorado?
“Eu acho essa coisa do horário fenomenal. Poder chegar para a plateia e dizer ‘boa tarde’ é muito engraçado”, diz Rodrix, em entrevista ao Diário. Desde 2001 retomando a parceria com Sá & Guarabyra (os três fizeram grande sucesso nos anos 70 e 80), eles trazem para Rio Preto o show “Nós lá em Casa”, em que conversam entre si e com a plateia. “É um show revelador de nossa intimidade.” O grupo é responsável por sucessos como “Dona”, “Espanhola”, “Caçador de Mim”, “Casa no Campo”, entre outras. O novo disco, “Amanhã”, está pronto e será lançado em breve. Só com músicas inéditas. Uma ousadia para o cenário atual. “Somos radicalmente artistas”, define Rodrix.
Infraestrutura e segurança no evento
Palco principal da Virada, com 15 das 29 atrações programadas, o anfiteatro da Represa passa por modificações, especialmente de infraestrutura e iluminação. Trabalham na montagem cerca de 100 pessoas. Um palco de 16 por 14 e 6,5 metros de altura foi montado. As arquibancadas também passam por adequação ao espaço, que será coberto com seis lonas. O objetivo é proteger o público de contratempos com sol e chuva e também para controlar a luminosidade. Projetores, iluminação estroboscópica, máquina de fumaça e canhão de luz completam o aparato. Cinquenta policiais militares e 20 agentes da Guarda Municipal vão fazer a segurança, além de profissionais particulares. O 17º Batalhão da PM vai destacar para a Represa uma unidade móvel, cinco unidades da Força Tática e seis Rocans (Rondas Ostensivas), além do apoio de motocicletas, a fim de coibir possível ação criminosa.
Segundo o comandante do policiamento do 17º Batalhão, coronel Pedro Luis Castelo, algumas medidas preventivas podem ser tomadas de modo a evitar o registro de ocorrências, como no caso de filhos se perdendo dos pais. “Aconselhamos a deixar o telefone com a criança para fazer contato”, diz. “Outra dica é ficar atento com os bens, evitar usar correntinhas, essas coisas que instigam as pessoas.” A PM também recomenda deixar os carros em casa para evitar problema com danos e furtos. Para quem vai de carro, o conselho é escolher bem o local onde deixar o veículo, de preferência em estacionamentos credenciados, e evitando locais isolados e mal iluminados. Uma unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) permanecerá no local durante o tempo da Virada. Após à meia-noite, linhas especiais da Circular Santa Luzia serão destacadas, de acordo com a demanda, para atender os locais onde a programação vai avançar a madrugada.
