Diário de S. Paulo
Na semana passada, a ligação de uma vítima para o 190 no momento em que ladrões invadiram a sua casa, em Perdizes, Zona Oeste, permitiu à Polícia Militar, em apenas nove minutos, prender os criminosos e salvar a família mantida refém. A partir dos próximos meses, o acesso ao telefone de emergência ficará ainda mais fácil. O Copom (Centro de Operações da PM) será aperfeiçoado, ganhará prédio próprio e contará com mais agilidade de atendimento e despacho de ocorrências.
Segundo o comandante-geral da PM, coronel Álvaro Camilo, a média de espera para o atendimento do chamado será de 15 segundos – metade do que é hoje – e, até a Copa, terá disponibilidade para dez idiomas. Hoje, o Copom já tem 25 operadores bilíngue – 16 em inglês e nove em espanhol.
REDE INTERLIGADA /Atualmente, o Copom recebe 42 mil chamados por dia na capital e, aos finais de semana, eles chegam a 46 mil. No estado são 150 mil ligações diárias. Há hoje 70 pontos de atendimento e 34 de despacho, mas nem todos são operados. Com o aperfeiçoamento da rede, explica o coronel Camilo, todos os 15 Copons do estado atuarão interligados.
“No caso de o centro de operações de uma cidade estar com excesso de chamados, automaticamente a ligação será transferida ao ponto de atendimento mais próximo. O operador receberá as informações e, ao finalizar a ocorrência, ela cairá no local de origem para despacho”, diz o coronel.
Segundo Camilo, recentemente foi feito um teste nesse sentido com o Copom de Guarulhos, que ficou mudo após uma escavadeira cortar toda a fiação do local acidentalmente. Os chamados foram recebidos na capital e transmitidos para lá sem qualquer prejuízo à população.
Desde fevereiro de 2010 já é possível também o turista ligar de qualquer lugar de São Paulo pelo telefone de emergência de seu país – 911 (Estados Unidos e Canadá) e 112 (Comunidade Europeia) – que o chamado cai diretamente no 190.
TRADUTOR / No caso de o operador que atender a ligação não falar outro idioma, há uma frase pronta, decorada por todos, para o turista não ficar na mão enquanto o poliglota é chamado: “a moment please” (um instante, por favor).
“Vamos aproveitar policiais que falam outros idiomas, como mandarim, árabe, alemão, francês, entre outros, para ajudar no atendimento do Copom. Eles ficarão normalmente em seus batalhões com um celular do estado. Se um turista que fala um desses idiomas precisar de ajuda, o operador acessa o poliglota e faz uma audioconferência entre os três”, explica.
A tradução simultânea também estará disponível nos tablets, que a partir de fevereiro serão equipamentos obrigatórios em todas as viaturas em patrulhamento no estado. “Se o turista precisar de atendimento e o policial não falar o idioma dele, o sistema traduz na hora”, diz.
MAIS INFORMAÇÕES / Segundo o coronel Camilo, o aperfeiçoamento do Copom vai permitir ainda que, a partir deste ano, o policial receba informações sobre casos ocorridos na região onde ele for atender a uma ocorrência de até 48 horas antes ou, também, saber se o local já foi cenário de algum tipo de crime.
Na luta contra o crime, a PM contará ainda neste ano com viaturas equipadas com câmeras no teto para transmitir, em tempo real, à sala de situação do Copom, todos os detalhes da ocorrência.
“Isso facilitará o acompanhamento e também as orientações caso seja necessário traçar um plano de ação emergencial”, afirma.
O coronel Camilo diz que haverá a integração também do Copom com os sistemas de monitoramento da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e da Guarda Municipal. Com isso, quando o policial estiver indo para o atendimento da ocorrência, o equipamento da viatura avisará o sistema se houver câmeras disponíveis por perto para monitoramento.
“O policial chegará no local sabendo o que vai encontrar”, afirma Camilo. A situação é semelhante à da vítima de Perdizes que ligou para o Copom e permitiu que o operador ouvisse a conversa dela com os ladrões e transmitisse à equipe onde cada bandido estava.
Enquanto a CET usará câmeras com leitores de placas para identificar quem burla o rodízio, o equipamento ajudará a PM a localizar veículos roubados ou furtados. “Quando localizamos um carro, em vez da antiga perseguição, o acompanhamento será virtual. A informação será colocada como prioridade na rede e no sistema será montado o cerco. Em algum ponto mais adiante, sem risco, acontecerá a abordagem real”, diz.
QG PARA OPERAÇÕES / O novo Copom foi projetado pela arquiteta Regina Aparecida Marques e começará a ser construído a partir de abril, num terreno anexo ao quartel da PM, na Praça Coronel Fernando Prestes, na Luz. O edital de licitação para a escolha da construtora responsável pela obra abre amanhã.
Segundo o coronel, o primeiro andar será exclusivo do Centro de Comando, Controle e Comunicação Integrado (chamado 4 CI). Durante a Copa, ficarão lá líderes das áreas que trabalharão no gerenciamento de operações.
Em cada estado haverá centro idêntico, interligado ao Governo Federal. O local foi inspirado nos modelos de Israel, Alemanha, Londres e África do Sul. Fora da Copa será sala de situação.
