Vacinação: São Paulo Sem Raiva

Vale Paraibano - Terça-feira, dia 1º de agosto de 2006

ter, 01/08/2006 - 11h11 | Do Portal do Governo

Neide Takaoka

Os mais velhos se recordam. Tomar vacina contra raiva após ser mordido por cão ou gato era um sofrimento sem fim. Mais de vinte injeções na barriga, no início do século passado. Nas décadas seguintes, o número de doses da vacina foi diminuindo, mas ainda eram aplicadas na barriga.

Hoje, felizmente, o tratamento está mais moderno. São aplicadas no máximo cinco injeções no braço do paciente. A vacina contra a raiva também é disponibilizada para a proteção de veterinários, funcionários de canis, laçadores de cães, ecoturistas e outras pessoas que, por trabalho ou lazer, exerçam atividades que as coloque em risco. Nesse caso são aplicadas apenas três doses, sempre no braço.

A vacina utilizada em humanos atualmente no Brasil também é mais eficaz, pois induz a uma maior proteção (o organismo produz mais anticorpos). É produzida em cultura de células, diferentemente da vacina anterior, oriunda de cérebros de camundongos recém-nascidos e que podia causar reações neurológicas adversas nos pacientes. A vacina é importada, mas o Instituto Butantan de São Paulo deverá, em breve, abastecer o país com o produto, reduzindo custos de aquisição.

Com o reforço da vigilância epidemiológica e a modernização do tratamento, o Estado de São Paulo está comemorando cinco anos sem nenhum caso de raiva humana. O último registro da doença ocorreu em 2001, no município de Dracena, região de Presidente Prudente. A vítima, uma mulher, foi agredida por sua própria gata, não vacinada, que havia anteriormente caçado um morcego, que se encontrava com raiva.

Ninguém, em sã consciência, acha bom negócio tomar injeção, quanto mais cinco, contra a raiva. No entanto, dependendo do caso, a profilaxia da raiva humana é absolutamente necessária. Por isso, quando houver um agravo (agressão ou acidente) com qualquer tipo de mamífero, lave o local com água e sabão, e procure por um serviço de saúde. Colabore também no controle e prevenção da raiva, levando cães e gatos de estimação, todos os anos, para receber a vacina contra a raiva, que é eficiente e protege os animais contra essa doença letal.

Nunca é demais lembrar: a raiva é uma doença mortal. Não há nenhuma forma conhecida de tratar o paciente após o aparecimento dos sintomas e a instalação da doença, que mata 100% dos pacientes. Assim o melhor é se prevenir sempre que ocorrer agressão ou acidente com mamíferos.

As campanhas municipais de vacinação são realizadas em todo o Estado de São Paulo. A maioria das prefeituras desenvolve essa atividade em agosto, conhecido como o ômês do cachorro loucoõ. É de extrema importância que todos os cães e os gatos sejam vacinados. O Instituto Pasteur, órgão da Secretaria de Estado da Saúde, é o responsável pela Coordenação do Programa de Controle da Raiva, estruturado desde 1975.

Neste ano de 2006, para a Campanha de Vacinação Contra a Raiva de Cães e Gatos, estão sendo distribuídas pela Secretaria cerca de 6,1 milhões de doses da vacina para os 645 municípios do Estado, além de agulhas, seringas e cartazes.

É muito importante que a população leve também os gatos para receber a vacina, e não apenas os cães. Os felinos são mais predadores e podem se infectar ao caçar morcegos e ratos com raiva. Até a década de 90, no Estado de São Paulo, o principal transmissor da raiva aos seres humanos era o cão. Nos dias de hoje, no nordeste do país ainda existem casos de raiva humana transmitidos pelos cães, mas em São Paulo, cada vez mais os morcegos são os principais transmissores da doença.

O Instituto Pasteur é o Laboratório de Referência Nacional para Raiva. Situado no coração da avenida Paulista, em São Paulo, funciona diariamente das 8h às 20h, inclusive sábados, domingos e feriados. A população pode tirar dúvidas sobre a transmissão da raiva pelo site www.pasteur.saude.sp.gov.br.

Neide Takaoka, médica sanitarista, é diretora do Instituto Pasteur, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo