Vacinação eficiente controla a raiva dos herbívoros em SP

O Estado de S. Paulo - Suplemento Agrícola - Quarta-feira, 19 de maio de 2004

qua, 19/05/2004 - 9h44 | Do Portal do Governo

Em 18 regiões do Estado a vacinação é obrigatória e ocorre agora, junto com a da aftosa

Niza Souza

A obrigatoriedade da vacinação em 296 municípios de 18 regiões de São Paulo, desde 2001, conseguiu reduzir bastante os casos de raiva em herbívoros em SP. Este ano, foram registrados, até agora, apenas 16 casos da doença. O diretor do Centro de Defesa Sanitária Animal da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), Lúcio de Oliveira Leite, relata que em 2000 foram encontrados cerca de 2 mil focos de raiva em São Paulo.

Até o fim de maio, a Secretaria de Agricultura promove a campanha de vacinação contra a raiva dos herbívoros (eqüinos, ovinos, caprinos, bovinos e bubalinos), junto com a campanha contra a febre aftosa. Esta é a primeira campanha do ano. A próxima será em novembro. A raiva dos herbívoros é uma doença transmitida pelo morcego hematófago, que não tem cura e traz grandes prejuízos.

Na semana passada, a Central de Selagem de Vacinas, em Vinhedo (SP), órgão constituído por parceria entre o Ministério da Agricultura e o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal, divulgou que no primeiro trimestre foram comercializadas 30 milhões de doses de vacinas anti-rábicas, volume 87% superior ao verificado no mesmo período do ano passado, de 16 milhões de doses. Minas Gerais é o Estado que mais consumiu a vacina em 2004, seguido por Goiás, Mato Grosso do Sul e Bahia.

Bons índices – Segundo Leite, em novembro de 2003 foram vacinados 3.495.796 de herbívoros contra a raiva. Isso significa que a campanha atingiu 98,5% dos animais das 18 regiões do Estado nas quais a vacinação é obrigatória. ‘Ainda não temos nenhuma prévia. Mas, com base neste levantamento, esperamos manter esse índice, acima de 95%.’

A vacinação contra raiva dos herbívoros é obrigatória nas regiões de Botucatu, Bragança Paulista, Campinas, Franca, Guaratinguetá, Itapetininga, Itapeva, Limeira, Mogi das Cruzes, Mogi-Mirim, Orlândia, Pindamonhangaba, Piracicaba, Registro, Ribeirão Preto, São João da Boa Vista, São Paulo e Sorocaba. ‘A maioria faz divisa com Rio e Minas, onde há maior incidência do morcego Desmodus rotundus, que transmite a raiva’, explica o diretor. Além da vacinação, a Cati desenvolve, nessas regiões, um trabalho de combate e redução da população do morcego.

Apesar da redução, a raiva ainda preocupa autoridades sanitárias em Ribeirão Preto. No fim de 2003, foi registrado um surto da doença, a maioria dos casos nos municípios de Cajuru e Cássia dos Coqueiros. ‘Encontramos focos da doença em mais de dez propriedades e cerca de 30 animais morreram’, diz o veterinário Renato de Oliveira. ‘Com a vacinação, reduzimos bastante a incidência, mas estamos muito próximos do sul de Minas, onde não há controle, por isso não dá para dizer que controlamos a doença aqui.’

Para o produtor Silvio Luiz Garcia Lopes, de Cássia dos Coqueiros, que perdeu um eqüino recentemente, falta mais orientação sobre a conservação da vacina. ‘Tem muita gente que não faz o manejo certo e a vacina acaba não fazendo efeito’, diz. Além disso, diz, o morcego é comum na região. ‘Sempre vacinei meus animais e nunca tive problemas. Este é o primeiro. Creio que foi mordido antes do período de incubação da vacina, que é de dez dias.’