Vacina contra a gripe protege o coração

O Estado de S. Paulo - 16/4/2003

qua, 16/04/2003 - 8h52 | Do Portal do Governo

Luciana Miranda


Estudo comprova impacto da vacinação na
prevenção de doenças cardiovasculares

Idosos que se vacinam contra gripe ganham proteção também para o coração. Os benefícios são indiretos, já que, a partir dos 65 anos, pegar gripe significa deixar o corpo mais vulnerável a complicações cardiovasculares, como enfarte e derrame. A boa notícia acaba de ser comprovada por uma pesquisa da Universidade de Minnesota, nos EUA.

Apesar de a relação entre gripe e doenças cardíacas já ser conhecida pelos médicos, é a primeira vez que um grande estudo prova o impacto positivo da vacinação sobre a saúde do coração. Por dois invernos seguidos, estação do ano em que a incidência de gripe é maior, a saúde de 286 mil pessoas com 65 anos ou mais foi monitorada. Os vacinados foram menos hospitalizados por causa de enfarte, derrame, pneumonia e gripe.

‘O estudo confirma que a vacina diminui o número de complicações da gripe nos idosos’, diz Clélia Maria Aranda, diretora da Divisão de Imunização do Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo. A pesquisa americana também provou que o risco de morte por causa de doenças cardiovasculares e respiratórias cai pela metade em idosos vacinados.

No Brasil, a gripe tem maior incidência entre abril e julho. O presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Juarez Ortiz, diz que nessa época aumentam as internações por doenças cardiovasculares. ‘As infecções do aparelho respiratório, complicação habitual dos quadros gripais, aumentam os riscos de enfarte e derrame cerebral.’

Prevenir – Para idosos que se imunizavam ontem no Centro de Saúde Vítor Araújo Homem de Mello, em Pinheiros, a pesquisa americana é mais um motivo para se vacinar. ‘Se há como se proteger contra doenças, é sempre melhor do que ter de tratar depois’, disse o motorista Armando Assis, de 63 anos.

Desde que começou a tomar a vacina, Nair Oliveira, de 76 anos, não teve mais gripe. Ela conta que antes ficava gripada, de cama, por uma semana. ‘Se também protege o coração, é bom.’

O aposentado Gasparino José Pra, de 70 anos, relaxou na imunização no outono de 2002 e ficou gripado. ‘Quando tomo a vacina, passo o ano todo sem gripe.’

Também é assim com Cecília Domingues, de 63. ‘Por isso, não falho nenhum ano.’ Para ela, a proteção para o coração é mais um benefício bem-vindo da vacina.

Ortiz chama a atenção para outro achado do estudo. ‘A recomendação do médico é o principal fator que induz o idoso a se vacinar.’ Até o dia 30, brasileiros com 60 anos ou mais podem se vacinar gratuitamente contra a gripe nos postos públicos de saúde.

Campanha atrai mais pessoas que no ano passado

A adesão à campanha de vacinação contra a gripe no Estado de São Paulo está maior este ano do que em 2002. Só no sábado, primeiro dia da campanha, 405 mil paulistas com 60 anos ou mais foram vacinados. O número é 47% maior do que o do ano passado.

O Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) de São Paulo estipulou como meta que cada município vacinasse pelo menos 15% de sua população idosa no dia de lançamento da campanha. A diretora da Divisão de Imunização do CVE, Clélia Maria Aranda, informou que 400 dos 645 municípios paulistas atingiram a meta.

As regiões que mais vacinaram no primeiro dia da campanha foram Presidente Prudente (23% dos idosos), Franca (23%) e Assis (22%). Mogi das Cruzes (7%) e Santos (8%) são as áreas que tiveram menor índice de vacinação. Até o fim do mês, quando termina a campanha, a meta é imunizar 70% dos idosos.

Apesar do temor que muitos têm das reações adversas da vacina contra a gripe, Clélia esclarece que elas se restringem a dor no local da aplicação, mal-estar por um dia, dor muscular ou de cabeça e febre baixa (37,5 a 38 graus). Mas a maioria dos vacinados não têm reação. ‘Sintomas que surgem depois de 48 horas da aplicação da vacina não são reação dela.’