Vaca dá mais leite em área menor

O Estado de São Paulo - Quarta-feira, dia 17 de maio de 2006

qua, 17/05/2006 - 10h31 | Do Portal do Governo

Pequenos pecuaristas aprendem, com orientação técnica, a melhorar desempenho dos animais

Brás Henrique

Pequenos produtores de leite têm conseguido, com assistência técnica adequada, aumentar a produtividade leiteira em até 200%. Em suas propriedades, ou até em áreas arrendadas, o Projeto Balde Cheio, idealizado pela Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP), vem permitindo que pecuaristas se mantenham e até lucrem com a atividade leiteira. “Isso depende do interessado e da sua dedicação”, diz o pesquisador Artur Chinelato de Camargo, da Embrapa Pecuária Sudeste, que desde 1999 desenvolve o projeto em parceria com a Secretaria de Agricultura paulista, via Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati). “É como se fosse um curso de agronomia, zootecnia e veterinária na prática”, continua Camargo.

O pecuarista Laerte de Morais Barcellos, de Patrocínio Paulista, é um dos participantes do projeto. Há 18 anos, Barcellos arrenda 62 hectares da Fazenda Bebedouro. Nesse pedaço de terra, mantém 27 vacas, que produzem 270 litros/dia. Antes do projeto, a produção diária oscilava entre 150 e 200 litros. Com a orientação profissional, investiu em piquetes e na formação de pasto, agora cultivado com capim mombaça. “O investimento já foi pago”, diz Barcellos, que está no projeto desde meados de 2004.

OPÇÃO

Antes, Barcellos investia também na produção de café. Depois do projeto, optou por ficar com o leite e mais 50 cabeças de gado de corte. O gado leiteiro ocupa 6 hectares de piquetes. Em janeiro de 2004, também orientado por técnicos, ele investiu no sistema de ordenha e já tinha um tanque de expansão de 550 litros para armazenar leite por dois dias. Na última visita técnica de Camargo, o coordenador do Balde Cheio chamou a atenção de Barcellos, que retira leite de suas vacas duas vezes por dia. À tarde, porém, não retirava de todas as vacas, mas de 20, no que foi orientado por Camargo a tirar de todas. “Com mais essa produtividade, isso representou mais renda para pagar o arrendamento, que representa 19% dos seus custos totais”, diz Camargo.

PRODUÇÃO MAIOR

Outro produtor, Valter de Souza Diniz, de São José da Bela Vista, tem 29 hectares no seu sítio, Campo Belo. Ele está no projeto há um ano e meio e, com suas 20 vacas, a produção saltou de 150 litros/dia para 200 litros/dia. “Melhorou tudo”, afirma Diniz. Antes, ele tinha piquetes grandes, mas foi orientado a diminuir o espaço e adequá-lo à sua necessidade. No piquete grande, com 195 metros quadrados, ele tinha apenas grama estrela. Com orientação, montou 28 piquetes, em 1 hectare, com capim mombaça. Também instalou cerca elétrica. “Eu tinha 10 hectares de pasto e, agora, com 1 hectare, sobra mais pasto, mais terra, e ficou tudo perto”, diz Diniz que, para aumentar o rendimento do pasto, também instalou irrigação.