USP Zona Leste: Integração será prioridade do novo campus da instituição

Folha de S. Paulo - Fovest - 11/9/2003

qui, 11/09/2003 - 9h55 | Do Portal do Governo

Com cursos diferentes dos da Cidada Universitária, unidade terá ciclo básico

André Nicoletti, da reportagem local


Folha de S. Paulo – Fovest – Quinta-feira, 11 de setembro de 2003

Um primeiro ano com ciclo básico, cursos diferentes dos oferecidos na Cidade Universitária, prédio que favorece a integração dos alunos e iniciação científica obrigatória para todos são algumas das novidades que serão implantadas no novo campus da zona leste da USP, que será inaugurado em 2005 com mil vagas.

A estrutura do campus está sendo debatida na universidade por uma comissão, mas algo é certo: nenhum dos cursos da nova unidade será igual aos ministrados hoje em São Paulo, já que o estatuto da universidade proíbe que a mesma cidade tenha dois cursos iguais. Após uma pesquisa com quase 6.000 alunos do ensino médio e de cursinhos elaborou-se uma lista de dez possíveis cursos.

Desses, serão escolhidos oito para o primeiro vestibular. ‘Serão escolhidos os que estiverem com os projetos mais avançados e que sejam mais representativos do espectro do conhecimento’, disse Myriam Krasilchik, professora da Faculdade de Educação da USP e presidente da comissão que estuda o novo campus.

Segundo ela, os cursos não se concentrarão em apenas uma área, como exatas ou saúde, mas sim devem ser de várias. Por isso estão em discussão cursos tão diferentes quanto artes, informática e enfermagem geriátrica. Mesmo o curso de gestão ambiental, que já existe no campus da Esalq, em Piracicaba, terá uma grade curricular diferente.

Para que não haja uma separação, o novo campus não será dividido em várias faculdades, mas todos os cursos serão integrados em uma mesma unidade, chamada Escola de Artes, Ciências e Humanidades.

Assim que ingressarem, os calouros farão um ciclo básico durante um ano, com três matérias gerais e três específicas de sua área. ‘O ciclo básico permitirá que os alunos convivam entre si’, afirmou Myriam Krasilchik.

Outra atividade do primeiro ano é uma disciplina obrigatória chamada solução de problema, que será como uma iniciação científica. A partir de um problema comum, os mil ingressantes estudarão propostas de solução para a região do campus a partir da perspectiva de seus cursos. ‘Algumas propostas levantadas, por exemplo, foram estudar o rio Tietê [que fica ao lado do campus] e a reurbanização da zona leste’, disse Myriam Krasilchik.

O convívio dos estudantes deve ser incentivado também pela própria estrutura do primeiro prédio a ser construído, que abrigará o ciclo básico e terá capacidade para 5.000 alunos.

A construção será formada por quatro edifícios interligados por passarelas formando um retângulo de 210 m por 150 m. No centro, haverá um espaço de convivência de 150 m por 90 m de lado, que terá uma praça e possivelmente um teatro de arena. ‘O projeto tem uma insistência grande na visão comunitária’, disse Sylvio Sawaya, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e responsável pelo projeto arquitetônico do campus da zona leste.

O novo campus não será ‘da’ zona leste, mas ‘na’ zona leste, segundo Wanderley Messias da Costa, professor de geografia da USP e membro da comissão de implantação. ‘Quando surgiu a idéia do campus, teve gente que pensou que só seriam aceitas pessoas da zona leste. Não podemos adotar cotas geográficas no vestibular. O que faremos são projetos de extensão com cursinhos comunitários para que os estudantes disputem com igualdade.’

Segundo ele, um folder sobre o campus estará disponível no site www.usp.br ainda nesta semana.