USP vai oferecer 800 bolsas de estudo

Folha de São Paulo - Sexta-feira, dia 27 de outubro de 2006

sex, 27/10/2006 - 11h39 | Do Portal do Governo

Estudantes carentes, com renda familiar mensal de até R$ 1.500, serão priorizados em projeto de inclusão social

Bolsas de R$ 330 serão pagas a alunos a partir do 2º ano de graduação; quem possui renda superior também poderá se inscrever

SIMONE HARNIK

DA REPORTAGEM LOCAL

A USP lançou a segunda fase de seu projeto de inclusão social. A partir de 2007, a instituição vai oferecer 800 bolsas de R$ 330 pelo programa Ensinar com Pesquisa. Os beneficiados serão, prioritariamente, estudantes da graduação com renda familiar de até R$ 1.500.

Em maio, o projeto promoveu mudanças no vestibular, criando bônus de 3% na nota de candidatos da rede pública, reduziu o número de questões de cem para 90 e incluiu perguntas interdisciplinares.

A idéia do novo programa é desenvolver a formação do aluno a partir do segundo ano da graduação. A bolsa será dada a estudantes que se inscreverem e tiverem um projeto de pesquisa. Haverá uma triagem socioeconômica, mas quem tem rendas superiores também poderá se inscrever.

“Na faculdade, o estudante tem acesso a informações de maneira profunda. Mas não há formação só com acesso a informações. É preciso situá-las. Queremos que o estudante busque o conhecimento de maneira autônoma e saiba problematizá-lo”, diz a pró-reitora de Graduação da USP, Selma Garrido Pimenta.

Regras

A bolsa ficará vigente por um ano e poderá ser renovada, de acordo com o desempenho acadêmico. Há obrigatoriedade de apresentação da pesquisa em, pelo menos, um evento nacional ou internacional externo. Se a bolsa for usada por dois anos, um artigo deverá ser publicado pelo estudante.

A verba virá do orçamento da universidade e significará um gasto anual de aproximadamente R$ 3,17 milhões dentro dos repasses do governo do Estado -que, em 2005, foram de R$ 1,96 bilhão.

A quantidade de bolsas foi dividida conforme o percentual de estudantes com renda familiar de até R$ 1.500 em cada unidade. No curso de relações internacionais, por exemplo, apenas 9,9% dos ingressantes em 2006 se enquadram nessa faixa. Já ciências da natureza, na USP Leste, são 64,1%. No total, 21,1% dos alunos chamados para a matrícula em 2006 pertenciam a essa faixa de renda.

Daniel Pereira, 18, já tem um projeto e vai efetuar sua inscrição. Ele cursa sistemas de informação na USP Leste e quer criar um programa de computador para analisar a qualidade de traduções. “Vou utilizar a bolsa para manter gastos com transportes, alimentação e livros. Não dá para me manter sem depender dos meus pais, mas já é uma ajuda.” Morador da Vila Matilde (zona leste de SP), ele diz que se enquadra na faixa de renda do programa.

Outros programas

A USP já mantém outros programas de assistência estudantil, como o Bolsa Trabalho, com benefícios de um salário mínimo (R$ 350) a estudantes que desenvolvam projetos de extensão universitária. Segundo a pró-reitora, todos os demais programas serão mantidos.

Como o novo projeto será destinado apenas a estudantes a partir do segundo ano, a pró-reitoria de graduação afirmou que vai expandir uma parceria com um banco, que oferece bolsas de R$ 250 aos calouros.

Em 2006, foram oferecidas 185 bolsas socioeconômicas. Para 2007, a perspectiva é oferecer outras 600. A USP ainda pretende duplicar os benefícios para a iniciação científica.