USP, Unicamp e Unesp se auto-avaliam

Folha de S. Paulo - Quinta-feira, 1º de abril de 2004

qui, 01/04/2004 - 9h03 | Do Portal do Governo

Processo, que deve ser concluído até 2006, é uma determinação do Conselho Estadual de Educação e visa traçar diretrizes

Cláudia Collucci, da Reportagem Local
Ana Paula Margarido, da Folha Campinas

Por determinação do CEE (Conselho Estadual de Educação), as três universidades estaduais de São Paulo (USP, Unicamp e Unesp) passam por um processo de auto-avaliação.

O objetivo é conhecer deficiências, metas e sugestões de cada unidade para traçar novas diretrizes para melhorar a qualidade de ensino e dos processos educacionais e administrativos.

O processo teve início em 2001, mas os primeiros resultados começam a ser divulgados neste mês. As universidades têm prazo até 2006 para entregar o relatório ao CEE. Os resultados terão peso no recredenciamento dos cursos.

Cada universidade tem autonomia para conduzir seus processos de avaliação. A USP, por exemplo, estabeleceu um roteiro de avaliação qualitativa dos 200 departamentos e 37 unidades ligados às quatro pró-reitorias: graduação, pós-graduação, pesquisa e cultura e extensão.

Comissões com representantes de docentes, alunos e funcionários participaram do processo. No dia 6, serão apresentados os resultados preliminares dessa avaliação.

Segundo o vice-reitor Hélio Nogueira da Cruz, presidente da Comissão de Avaliação Permanente da USP, no segundo semestre deste ano será a vez de pares externos (docentes nacionais e estrangeiros) avaliarem o processo e apresentarem suas sugestões.

A Unesp (Universidade Estadual Paulista) optou por distribuir questionários à comunidade acadêmica – 25 unidades instaladas em 16 campi. Não participaram as oito unidades diferenciadas criadas no ano passado.

De acordo com o professor José Reinaldo Cequeira Braz, presidente da Comissão de Avaliação Permanente da Unesp, o processo começou em 2001. Os primeiros resultados serão apresentados no próximo dia 13.

Além de conter um raio-X da Unesp, na ótica de docentes, funcionários e alunos, o relatório terá uma análise de ingressantes e egressos. ‘É importante para sabermos se nossos cursos estão atendendo à demanda do mercado’, diz Braz.

Unicamp

Na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), todo o processo de auto-avaliação deve começar no próximo mês e vai durar um ano e seis meses.

A avaliação, que foi aprovada pelo Consu (Conselho Universitário), será dividida em etapas. O trabalho servirá para amparar o Planes (Planejamento Estratégico) da Unicamp.

O Planes, que é discutido desde 2001, define estratégias para as áreas de ensino, pesquisa, extensão, administração e gestão e qualidade de vida na universidade.

A partir dos dados, a universidade criará formulários que serão respondidos por comissões, criadas nos departamentos.

Na segunda fase, comissões internas analisarão os dados dos questionários e produzirão relatórios com sugestões.

Na terceira etapa, uma comissão externa fará uma análise. As duas últimas etapas serão agregadas em um único documento, que será avaliado pelo Consu e devolvido para as unidades, com as diretrizes que devem ser seguidas.

‘O objetivo não é dar nota nem fomentar disputa entre as unidades. A avaliação institucional vai ajudar a encontrar as forças e fraquezas da universidade’, disse o reitor da Unicamp, Carlos Henrique de Brito Cruz, 47.


Reformulação pedagógica lidera lista de pedidos

Da Reportagem Local

Resultados preliminares da auto-avaliação realizada pelos departamentos e unidades da USP revelam que a maior reivindicação é a reformulação das práticas acadêmicas e a internacionalização da universidade.

Segundo o vice-reitor da USP, Hélio Nogueira da Cruz, a mudança pedagógica lidera o ranking das metas priorizadas pela pró-reitoria de graduação, com 61% dos ‘votos’ dessa comunidade acadêmica.

Entra no pacote desde a mudança curricular de alguns cursos até a melhoria da infra-estrutura das unidades. A ampliação de vagas e a redução da evasão escolar vêm em seguida, com 57% e 46% das indicações, respectivamente.

A média da evasão dos cursos na USP é de 20%. A meta da pró-reitoria de graduação é reduzi-la em 10% nos próximos dois anos.

Nas pró-reitorias de pós-graduação e de pesquisa, a internacionalização lidera com 79% e 74% das metas, respectivamente.

Entende-se por internacionalização os convênios entre a USP e instituições estrangeiras, a compatibilização de currículos, a validação de diplomas, a realização de intercâmbios e o apoio a cursos de línguas, por exemplo.

Surpresa

De acordo com o vice-reitor, a grande surpresa do relatório foi a proposta de reformulação pedagógica, da graduação. A questão não aparece no plano de metas da atual reitoria.

‘Vamos estudar agora quais são as propostas de mudança e o que pode ser feito dentro do nosso orçamento’, afirma Cruz.

No próximo dia 6, esses resultados serão discutidos com os diretores e vice-diretores dos departamentos para uma posterior consolidação dos resultados. Em junho, a discussão se estenderá para todos os envolvidos – cerca de 500 pessoas – na avaliação.

Entre as questões levantadas no roteiro respondido pelos departamentos estão a avaliação acadêmica e a comparação com os ‘congêneres’ nacionais e internacionais e as dificuldades encontradas para elevar o padrão de qualidade dos cursos.

Segundo o vice-reitor, isso será de fundamental importância para estabelecer diretrizes ‘extremamente democráticas’.