De O Estado de S.Paulo
O número de alunos que estudaram em escolas públicas e foram aprovado na lista de primeira chamada da Fuvest, divulgada anteontem, subiu 20% em relação ao ano passado. O aumento é resultado do programa de inclusão social criado pela Universidade de São Paulo (USP), que dá bônus de 3% na pontuação do vestibular a esses estudantes. Foi a primeira vez que o projeto, chamado Inclusp, foi colocado em prática.
Segundo dados divulgados pela Pró-Reitoria de Graduação, estudantes que fizeram os três anos do ensino médio em escolas públicas correspondiam a 21% dos aprovados no ano passado. Este ano, chegaram a 26%. Em números absolutos, são 2.678 estudantes da rede pública que vão começar, a partir desse semestre, a estudar na USP – cerca de 600 mais que em relação ao ano anterior. No total, foram convocados 10.202 candidatos.
“Esse aumento corresponde a 20% a mais de alunos de escola pública dentro da universidade. Isso mostra que é possível a esses alunos entrar, que é algo real, mas que é preciso que se esforcem”, afirma a pró-reitora de Graduação, Selma Garrido Pimenta.
A pró-reitora explica que os números podem sofrer pequenas variações, porque ainda serão divulgadas mais três listas de aprovados, a última delas no fim de março.
“O resultado já superou nossas expectativas. E, seguindo a tendência indicada desde a primeira fase, é possível que aumente um pouco. Queremos chamar mais os alunos da rede pública para a universidade e mostrar a eles a importância de receberem a formação de uma universidade completa, com ensino, pesquisa e extensão”, complementa o vice-reitor da USP, Franco Maria Lajolo, que também preside o conselho curador da Fuvest.
“É muito importante que eles comecem a se conscientizar que nas grandes universidades terão uma formação diferenciada, que vale a pena se esforçarem e tentarem”, afirma.
Neste ano, do total de inscritos na Fuvest, 39% estudaram em escolas públicas. Desses, cerca de 30% passaram para a segunda fase.
Nos últimos anos, a média de inscrição no vestibular ficou entre 40% e 42% de alunos vindos da rede pública – a proporção menor, nesta edição do processo seletivo, está relacionada a uma maior exigência da instituição para conceder a isenção da taxa de inscrição.
“Fui aprovada em cinco faculdades, mas passar na USP foi a realização do sonho. Sei que vou fazer um curso melhor”, comemora Arselino Bezerra da Silva Neto, de 20 anos, aprovado em Química.
Ele fez o ensino médio em uma escola estadual de Guarulhos e se preparou para as provas em um cursinho comunitário. “No ano passado, não passei. Como ainda não saíram as notas da segunda fase, não sei o quanto o bônus de 3% ajudou, mas tenho certeza que deve ter feito diferença.”
SEGUNDA ETAPA
A partir de agora, a universidade começará a segunda fase do Inclusp, que prevê o acompanhamento desses estudantes e o auxílio necessário para que consigam concluir o curso.
“Vamos acompanhá-los, e estamos fechando um programa de concessão de bolsas e de auxílio-transporte, com critérios de desempenho acadêmico”, explica a pró-reitora.
Segundo Lajolo, o programa incluirá bolsas de apoio econômico, de iniciação científica e também de pré-iniciação científica, para aproximar os estudantes e professores de escolas de ensino médio da universidade, incentivando a inscrição dos estudantes.
INCLUSÃO 26% dos alunos
aprovados na primeira chamada da Fuvest neste ano estudaram em escolas públicas
2.678 é o quanto
esses estudantes representam em números absolutos
20% é o crescimento
do número de aprovados vindos de escolas públicas em relação ao ano passado
3% de bônus
foram somados à nota que esses alunos tiveram no
vestibular
10.202 é o total
de vagas oferecidas pela Universidade de São Paulo