USP Leste: matrículas dos ‘bixos’ já anima o campus

Jornal da Tarde - São Paulo - Terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

ter, 15/02/2005 - 9h01 | Do Portal do Governo

No primeiro dia de inscrições, até o final da tarde de ontem, 836 entre os 1.020 aprovados no vestibular fizeram matrícula, deixando o trânsito intenso na região. Reitoria quer reforçar segurança na área

BRUNO TAVARES

Os ‘bixos’ invadiram o novo campus da Universidade de São Paulo USP, na Zona Leste da Capital. Até o fim da tarde de ontem, 836 dos 1.020 candidatos aprovados na primeira chamada haviam feito matrícula. Enquanto os calouros faziam planos para a primeira semana de aula, os pais trocavam sugestões sobre a melhor maneira de chegar à universidade, na divisa de São Paulo com Guarulhos.

A estudante Maraysa Palhiari Tralli, 18 anos, foi a segunda da fila. Moradora de Mirassol, cidade a 450 quilômetros da Capital, na região de São José do Rio Preto, ela e a mãe viajaram a madrugada toda para fazer matrícula no recém-criado curso de obstetrícia da USP Leste: ‘Só não gostei muito da região. Esse bairro é meio afastado.’

Mas, entre os novos alunos, nem todos se sentiam incomodados com a distância. Para três amigos aprovados no vestibular mais concorrido do País, a localização do campus foi um dos atrativos. Ricardo, Regina e Carina moram em bairros da Zona Leste e teriam de ‘viajar’ quase duas horas para chegar à Cidade Universitária, no Butantã, Zona Oeste. ‘Não tinha opção, era aqui ou aqui’, disse Carina Farias dos Santos, 20 anos, aprovada em gerontologia.

Durante todo o dia, o trânsito na Rua Arlindo Betio – onde está o portão principal da USP Leste – foi intenso. Por volta das 8h, quando os primeiros veículos começaram a chegar, a orientação dos vigias era para que os motoristas estacionassem seus carros na rua. Como o campus só será inaugurado oficialmente no dia 27, muitos caminhões ainda circulam pelas ruas, gerando engarrafamentos.

Ao lado da Estação Engenheiro Goulart da CPTM, ônibus circulares oferecidos pela universidade traziam os estudantes. O serviço gratuito também estará disponível durante as aulas. Na fila para a matrícula, membros do Diretório Central dos Estudantes DCE da USP aplicavam trotes nos calouros. ‘Viemos recepcionar os ‘bixos’ porque aqui não existem veteranos’, disse Fernanda Carolina de Oliveira, 23 anos, diretora do DCE.

Para a reitoria da USP, a maior preocupação é quanto à segurança nos arredores do campus. Além de cinco postos de vigilância, seis agentes da guarda universitária ficarão responsáveis pelas rondas de bicicleta. Com o início das aulas, no dia 28, haverá uma base comunitária da PM perto do portão principal. ‘Queremos mais segurança perto da Estação Engenheiro Goulart’, disse o professor Wanderley Messias da Costa, prefeito dos campi da Capital. Ele garantiu que, nos próximos dias, a passarela mal iluminada que dá acesso à Avenida Dr. Assis Ribeiro começará a ser reformada.

Muitos vêm do Interior e do ABCD

Diferente do que a própria USP previa, muitos estudantes do Interior, da região do ABCD e até de outros Estados estiveram no campus da Zona Leste, ontem, para fazer matrícula.
Além de toda a expectativa em relação à vida universitária, esses estudantes terão ainda de se acostumar ao dia-a-dia da ‘cidade grande’, longe dos pais e amigos.

O estudante Gabriel Bollini Braga, 19 anos, vai deixar Bariri, a 320 quilômetros da Capital, para cursar marketing na USP Leste. Por enquanto, ficará na casa de parentes. ‘Vou ficar essa semana com ele, até que as coisas se ajeitem’, comentou o pai de Gabriel, o cirurgião dentista Sérgio Braga, 48 anos. ‘Se fosse em Bariri, diria que esse campus está num lugar muito afastado. Mas acho que, para os padrões de São Paulo, é normal’, disse.

Aprovada no curso de obstetrícia, Maria Paula Rodrigues, 20, já se prepara para sair de Campinas, a 90 quilômetros da Capital. Ela também ficará na casa de parentes, em Higienópolis, região central da Capital. Para chegar ao campus, deve utilizar os trens da CPTM.

‘A mudança vai ser grande. Moramos na Cidade Universitária, um bairro tranqüilo perto da Unicamp. Ela sempre estudou e fez academia por lá. Aqui, tudo é diferente’, comentou a mãe, a pedagoga Maria de Fátima Rodrigues, 51. Diferente da mãe, a garota não estava apreensiva. ‘É bom, a gente aprende a se virar’, comentou.