USP lança graduação via internet em 2005

Folha de S. Paulo - São Paulo - Sexta-feira, 26 de novembro de 2004

sex, 26/11/2004 - 9h10 | Do Portal do Governo

Universidade vai incluir no vestibular licenciatura em ciências e planeja aumentar oferta no ano seguinte

MAYRA STACHUK
DA REPORTAGEM LOCAL

A USP planeja realizar no próximo ano o vestibular para seu primeiro curso de graduação à distância via internet. Ainda em fase de estudos, o projeto tem definido apenas o curso: licenciatura em ciências, opção inédita na graduação regular da USP. A universidade espera concluir o projeto em dois meses para apresentá-lo ao Ministério da Educação no primeiro semestre de 2005.

De acordo com o presidente da comissão responsável pelo projeto, Carlos Alberto Dantas, está sendo desenvolvido um programa de computador, patrocinado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), para executar o curso à distância. Ainda não se sabe como será o método de seleção nem o número de vagas que serão abertas. Segundo Dantas, já em 2006 a USP deve ter vestibular para outros cursos não presenciais.

Dantas diz que a escolha do curso teve como objetivo formar professores de ensino fundamental com uma visão mais completa da área. ‘Atualmente, os professores dessa disciplina são formados em biologia, química ou física.’

A USP já ministrou um curso de pós-graduação ”lato sensu’ via internet, mas já conseguiu autorização do MEC para abrir outros.

A educação à distância é freqüentemente apontada por especialistas como uma importante ferramenta no processo de democratização do ensino superior no Brasil. Mas ainda está longe de se tornar uma solução efetiva.

Há na lista do MEC cerca de 150 cursos aguardando aprovação. Já foram reconhecidos 34 cursos de graduação, 42 de pós-graduação e oito seqüenciais.

O primeiro censo feito no país sobre o tema, encomendado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) e divulgado ano passado, apontou que 84.713 pessoas cursavam o ensino superior por meios virtuais em 2001 -99% estavam em universidades públicas.

Para o presidente da Abed (Associação Brasileira de Ensino à Distância), Frederic Michael Litto, o ensino não-presencial é a única ferramenta capaz de reverter o baixo acesso ao ensino superior. ‘Não há dinheiro suficiente para construir novos campi.’

Dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) apontam que apenas 9% dos jovens entre 18 e 24 anos chegaram à faculdade no Brasil.

Segundo o presidente da Abed, na Argentina e no Chile, esse índice é de 30%, nos EUA, de 50%, e no Canadá, de 60%.