USP deve ter graduação a distância

O Estado de S.Paulo - domingo, 29 de janeiro de 2006

dom, 29/01/2006 - 18h01 | Do Portal do Governo

Licenciatura em Ciências será primeiro curso de instituição pública estadual do gênero e pode começar em 2007

Renata Cafardo

A Universidade de São Paulo (USP) prepara a abertura de um curso de graduação a distância com 60 vagas, disponíveis no vestibular da Fuvest para Licenciatura em Ciências. Depois de aprovado, o curso pode começar em 2007 ou 2008. Os formandos poderão atuar como professores da 1ª à 4ª séries do ensino fundamental. Essa é a primeira iniciativa de um curso em ensino superior não presencial na USP e também entre universidades públicas no Estado.

O Brasil tem hoje 107 cursos de graduação a distância, muitos em universidades federais e a maioria deles justamente na área de formação de professores. Cerca de 5 mil alunos no Estado estudam nessa modalidade. A educação a distância era muito usada no País nos anos 60, principalmente em cursos de alfabetização, mas só voltou a ganhar força na década de 90, com a ajuda da internet. A legislação brasileira exige que provas, estágios, trabalhos de conclusão de curso e atividades de laboratório sejam realizadas presencialmente.

PRIORIDADE

“Nós não entraremos de maneira aventureira”, diz a recém-empossada pró-reitora de Graduação e ex-diretora da Faculdade de Educação, Selma Garrido Pimenta. “De um lado, há a preocupação de estarmos atrasados, de não entrarmos na nova tecnologia, o que, em parte, é verdade. Por outro lado, não podemos generalizar cursos de graduação a distância.”

A idéia é que ele seja vinculado a um Centro de Apoio de Educação a Distância, que também será criado. O local organizará material didático, capacitará professores e dará todo o suporte tecnológico para os cursos não presenciais. Esse centro ajudará também a universidade a expandir cursos de extensão a distância. A USP já oferece algumas especializações dessa modalidade.

“As pessoas costumam questionar: se educação a distância é tão boa, por que a USP não tem?”, diz o diretor da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), Waldomiro Loyolla. Ele agora comemora a iniciativa da instituição. Segundo Loyolla, a opção normalmente é oferecida pela internet ou por teleconferências.

Na primeira, há um site em que ficam disponíveis os trabalhos e textos para download e não são dadas aulas tradicionais. “Um professor tutor incentiva, manda mensagens. Mas ela depende muito da disciplina do aluno”, diz Loyolla. No sistema que usa teleconferência, há maior interação, já que as aulas continuam online.

As metodologias que serão usadas na USP ainda estão sendo estudadas. “O curso é importante porque poderemos atender um maior contingente de pessoas, fora de São Paulo, onde a USP atua”, diz a pró-reitora. Ela também acredita que a novidade vai desenvolver na instituição o conhecimento sobre o uso das tecnologias e das novas formas de cognição por parte do aluno. O curso superior proposto – de Ciências – é considerado uma inovação por agrupar física, química e biologia em uma só área, assim como ocorre nas escolas de 1ª a 4ª séries.

Além do ineditismo, o novo curso a distância é uma nova forma encontrada pela instituição para ampliar suas vagas em vestibular. Entre 2001 e 2005, a USP aumentou em cerca de 30% o número de vagas, com novos cursos e crescimento de outros já existentes. A unidade da USP Leste foi o principal movimento nesse sentido.

APOIO

De acordo com o Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (Abraead), o Brasil tem hoje um total de 382 cursos nessa modalidade, entre graduação, pós, seqüenciais e tecnológicos. O número de alunos estudando não presencialmente chega aos 160 mil. A maioria dos cursos oferecidos está em instituições privadas.

A educação a distância cresceu muito desde o ano 2000, segundo o documento. Naquele ano, eram só 13 cursos em todo o País e 1.758 matriculados. Do total, 10 eram de graduação.