USP anuncia criação de cursinho gratuito na Zona Leste

Jornal da Tarde - Terça-feira, 20 de abril de 2004

ter, 20/04/2004 - 9h34 | Do Portal do Governo

RENATA CAFARDO

A Universidade de São Paulo (USP) anuncia a inauguração, em julho, de um cursinho pré-vestibular gratuito na Zona Leste. Haverá 5 mil vagas, apenas para estudantes de escolas públicas da região. A iniciativa é uma alternativa ao sistema de cotas, política ainda rejeitada pela USP e defendida pelo Ministério da Educação. Ontem o projeto do cursinho foi apresentado ao ministro da Educação Tarso Genro. “O reitor tem uma visão distinta da nossa”, disse Tarso, ao deixar a reunião com o reitor da USP, Adolpho José Melfi. O ministro deixou claro que o projeto de cotas para negros não será imposto: “Existem várias formas de operar políticas afirmativas.”

Outra iniciativa da USP será a concessão de 60 mil isenções da taxa do vestibular da Fuvest, neste ano, para estudantes pobres. No ano passado foram 20 mil. Outros 30 mil comprovaram carência, mas não puderam receber a isenção, no valor de R$ 75. “Muitos alunos nem chegam a prestar vestibular para a Fuvest porque acham que não vão passar”, diz Melfi. Em 2003, 34% dos inscritos eram alunos do ensino médio público. Entre os aprovados, o índice foi de 18%. E só 2% tinham renda familiar inferior a R$ 500.

As aulas do cursinho – chamado de Pró-Universitário – serão dadas por alunos da USP. Eles vão receber capacitação e bolsa em dinheiro. Os professores prepararão o material didático, que, segundo a pró-reitora de Graduação, Sonia Penin, proporcionará uma revisão das nove disciplinas do ensino médio. As aulas devem ser dadas em salas ociosas da rede estadual de ensino e devem começar no dia 1.º de julho.

O financiamento será feito pela Secretaria Estadual da Educação, parceira da USP no projeto, que também selecionará os alunos. Mesmo com panfletos distribuídos, exibindo detalhes do projeto e logotipo do governo do Estado, a Assessoria de Imprensa da secretaria diz que a organização do cursinho ainda está em estudo.

Essa é a primeira vez que a USP organiza um cursinho comunitário. Outras iniciativas que surgiram dentro da universidade vieram de alunos ou ex-alunos e, muitas vezes, cobravam mensalidades. No início do mês, o Ministério Público recomendou que os três cursinhos em atividade no campus deixem de cobrar taxas dos alunos.