Unindo forças contra a dengue

Folha de S. PauloNa saúde pública há algumas áreas em que o sucesso das ações, além do trabalho integrado das três esferas gestoras do SUS (Sistema Único de Saúde), depende […]

seg, 18/04/2011 - 18h30 | Do Portal do Governo

Folha de S. Paulo

Na saúde pública há algumas áreas em que o sucesso das ações, além do trabalho integrado das três esferas gestoras do SUS (Sistema Único de Saúde), depende diretamente da participação ativa dos cidadãos. Entre elas, a doação de órgãos, a manutenção dos estoques de sangue nos hospitais e o combate ao mosquito transmissor da dengue, já que 80% dos criadouros estão nas residências.

A dengue está presente em aproximadamente uma centena de países em que a condição climática favorece a reprodução do Aedes aegypti. É um problema grave de saúde pública e merece atenção por parte das autoridades de saúde de todo o país.

Neste ano, o vírus do tipo 4 da doença voltou a circular em alguns Estados brasileiros. Confirmamos, há alguns dias, a presença do vírus pela primeira vez no Estado de São Paulo, isolado pelo Instituto Adolfo Lutz. O caso foi relativo a uma paciente moradora da cidade de São José do Rio Preto, que foi tratada a tempo e está curada.

Com um novo tipo de vírus, há maior número de pessoas suscetíveis a desenvolver os sintomas da dengue, já que elas não estão imunes à doença. A dengue 4, portanto, é uma ameaça nova aos 42 milhões de cidadãos paulistas.

Não há, entretanto, motivo para alardes. A introdução do vírus 4 da dengue não altera a rotina do trabalho de campo para o controle de criadouros do Aedes aegypti nem as recomendações para assistência dos pacientes suspeitos nos serviços de saúde. Os sintomas da doença também são iguais aos demais tipos de vírus.

Os governos federal, estaduais e municipais têm papéis distintos e complementares no controle da dengue. Em resumo, ao Ministério da Saúde cabe garantir o financiamento das ações municipais e elaborar as diretrizes nacionais de prevenção e controle, além de prestar consultoria técnica especializada a Estados e municípios.

Já o governo estadual de São Paulo responde pela capacitação de profissionais de saúde, pelo apoio aos municípios nas atividades de controle e prevenção (como ações especiais de nebulização), pelo monitoramento de índices larvários, pela orientação e supervisão técnica às secretarias municipais, pela avaliação dos planos de contingência e pelo diagnóstico laboratorial de casos suspeitos, por meio do Instituto Adolfo Lutz.

O Estado de São Paulo investe cerca de R$ 40 milhões ao ano para combater a dengue. No último dia 4 de abril, a Secretaria de Estado da Saúde iniciou grande mobilização, reunindo 25 mil agentes em todo o Estado, para uma semana especial de atividades. O objetivo foi chamar a atenção para o problema, e não somente naquela semana, já que o combate à dengue deve ser feito o ano todo. Também enviamos 1 milhão de torpedos SMS por celular com alertas sobre a doença.

Os dados epidemiológicos apontam para uma queda, neste ano, de cerca de 90% no número de casos de dengue na comparação com o ano de 2010. Mas não podemos abaixar a guarda.

Com a introdução da dengue 4, é preciso redobrar os esforços; para isso, gostaríamos de poder contar com o imprescindível apoio de todos os paulistas, no sentido de removerem os recipientes com água parada em suas residências, eliminando possíveis criadouros e incorporando o combate ao mosquito às suas rotinas.

A participação solidária dos cidadãos é essencial para que a transmissão da dengue seja contida. Mais do que nunca, esta é a hora de juntarmos forças para dar um basta nessa doença.

Giovanni Guido Cerri, médico e professor titular da Faculdade de Medicina da USP, é secretário de Estado da Saúde de São Paulo.