Unifesp usa nota alta para isenção de inscrição

O Estado de S.Paulo - Sexta-feira, 29 de junho de 2007

sex, 29/06/2007 - 11h53 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) vai incluir a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como critério para conceder isenção da taxa de inscrição, de R$ 97, para seu vestibular. É a primeira vez que o Enem é usado para isso.

A partir deste ano, quem tiver acertado mais de 90% da prova e for aluno de escola pública receberá o benefício. Nesse caso, não terá de cumprir o critério de renda baixa – inferior a R$ 456. Os pedidos de isenção da taxa da Unifesp podem ser feitos a partir de hoje.

As instituições passaram a não cobrar a taxa de alunos carentes e que cursaram escola pública no fim dos anos 90, por pressão de ONGs e porque estudos comprovaram que o valor afastava o pobre da universidade pública.

EXPERIÊNCIA

Segundo o pró-reitor de Graduação da Unifesp, Luiz Eugênio Mello, há candidatos que mesmo com renda acima do limite para obter isenção, também não conseguem pagar todas as taxas. Para se inscrever nos vestibulares das seis universidades públicas do Estado, o estudante gasta cerca de R$ 600.

Ele explica que o objetivo da nova norma é favorecer o bom aluno. “Vamos fazer uma experiência, se não forem beneficiadas muitas pessoas podemos baixar a exigência para 80% (de acerto)”, diz o pró-reitor.

“A média dos nossos alunos é de 40 pontos”, diz o coordenador da ONG Educafro, Eduardo Pereira Neto, que oferece cursinhos a alunos carentes.

Segundo ele, a medida não ajuda estudantes de escola pública. A nota do Enem também é usada pelo Programa Universidade Para Todos (ProUni). Nesse caso, é preciso 45 pontos para concorrer à bolsa em universidade privada.

Números do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do Ministério da Educação (Inep/MEC) mostram que 1.670 estudantes do total de 2,7 milhões que participaram do Enem no País em 2006 acertaram mais de 90% da prova. Isso representa 0,06%. O número inclui tanto alunos de escolas públicas quanto de particulares.

O Enem pode ser realizado por jovens que terminaram o ensino médio naquele ano e pelos que já concluíram anteriormente. O único índice relativo apenas a alunos de escolas públicas é o de concluintes do ensino médio em 2006. Segundo o Inep, só 24 alunos que terminaram a escola pública no ano passado tiraram nota acima de 90% no Enem. Entre os que cursaram escolas particulares, foram 518.

O exame é composto por 63 questões. Para escapar do critério de baixa renda e receber a isenção da Unifesp, é preciso acertar 56 delas.