Unicamp quer criar base na Antártica

Correio Popular - Quarta-feira, dia 10 de maio de 2006

qua, 10/05/2006 - 15h42 | Do Portal do Governo

Universidade busca recursos junto à União para projeto contra a gripe aviária

Angela Kuhlmann

DA AGÊNCIA ANHANGUERA

angelak@rac.com.br

Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), de São Leopoldo (RS) se reúnem na próxima sexta-feira com técnicos do Ministério da Agricultura, em Brasília, para detalhar o projeto de monitoramento de uma potencial rota de entrada de aves migratórias em território nacional e pleitear a verba de R$ 1,6 milhão para custeio da ação, que inclui, entre outras medidas, a instalação de uma base de pesquisa na Antártica. O objetivo é prevenir o País da eventual chegada da gripe aviária no Brasil, que pode vir por meio de aves migratórias contaminadas.

O pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da universidade, o biólogo Mohamed Habib, um dos criadores do plano, considera o custo pequeno se comparado à importância de prever a chegada de aves infectadas ao Brasil. “Por sorte, o oceano tem servido como barreira, mas a comunidade científica brasileira precisa estar pronta para lidar com o problema”, disse o biólogo.

Na opinião dele, além do forte impacto negativo na economia, a eventual contaminação de aves e animais em território brasileiro pode se tornar um problema de saúde pública. O monitoramento, de acordo com Habib, implica em três abordagens. De uma delas participam ornitólogos especialistas em migração de aves que seriam deslocados para uma base de pesquisa na Antártica, uma das rotas de entrada dos pássaros. Em outra frente do plano entram os especialistas em vírus das universidades, cuja função é analisar as amostras de secreção de aves coletadas no pólo Sul e enviadas de lá. “A partir daí, os virologistas da Unicamp examinam as amostras para constatar a presença ou não do vírus e posterior identificação do mesmo em caso positivo”, explicou.

O plano conta ainda com a participação de especialistas em informática para elaborar a modelagem matemática, que consta de uma série de cálculos numéricos a partir de dados recolhidos na Antártica e de estudos da migração, capazes de detectar e prever quando e onde o movimento migratório pode acontecer, e de determinar os locais e rotas onde haveria maior risco de contágio. “Nós temos os recursos humanos, o know how e a tecnologia para desenvolver a prevenção, mas as universidades não dispõem de verba para isso; precisamos de recursos do governo federal, salientou o biólogo.

Em outra frente preventiva está um plano emergencial de preparo do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp para atendimento e tratamento de eventuais vítimas da gripe aviária. Segundo Habib, até o momento, não ocorreu ainda no mundo nenhum caso de contaminação entre humanos. “Os casos registrados até hoje são de contaminação de ave ou de animal para humanos, sendo que 50% das vítimas fatais são pessoas que mantinham contato direto com os infectados”, afirmou ele.