Unicamp produz dummie brasileiro

Correio Popular - Quarta-feira, dia 19 de abril de 2006

qua, 19/04/2006 - 11h31 | Do Portal do Governo

Boneco de fibra de vidro substitui importado nos testes que simulam danos físicos durante acidentes automobilísticos

 

Rogério Verzignasse

DA AGÊNCIA ANHANGÜERA

rogerio@rac.com.br

A Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (FEM/Unicamp) desenvolveu, nos últimos dois anos, o primeiro protótipo 100% nacional para a avaliação dos danos físicos provocados por acidentes automobilísticos.

O dummie é um boneco automatizado, usado em crash test de veículos, que simula todos os movimentos e reações do corpo humano em situação de impacto violento.

Até hoje, todas as montadoras de veículos brasileiras importam o dummie. As empresas TNO (européia) e a First (norte-americana), são as principais fabricantes mundiais do acessório.

Um boneco importado chega a custar até US$ 10 mil. O modelo brasileiro, no entanto, desenvolvido pelo engenheiro Alexandre Fonseca Jorge, custa apenas R$ 500,00.

A cabeça e o tórax, feitos de fibra de vidro, receberam acelerômetros. São versões miniaturizadas dos dispositivos usados pela indústria para identificar os níveis de aceleração e vibração de grandes máquinas e equipamentos.

A estrutura do pescoço foi elaborada com mola e borracha. E placas de metal “distribuem” o impacto em cada órgão. “É possível uma representação artificial do que aconteceria em caso de impacto real”, explica o engenheiro.

A pesquisa, financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), consumiu no período investimentos da ordem de R$ 45 mil. Apesar do custo acessível da matéria-prima, o estudo exigiu gastos com veículos usados nas simulações de acidentes, pesquisa de materiais e aluguel dos laboratórios especializados em crash test.

Jorge desenvolveu o dummie e fez dele subsídio da própria dissertação de mestrado, orientada por Celso Arruda, ex-diretor da FEM.

O boneco, com 22 quilos, vai ser usado em crash test para simular a eficiência das cadeirinhas que, afixadas no banco traseiro do veículo, servem para acomodar crianças de até 6 anos de idade. “O modelo brasileiro, mais barato, vai permitir mais investimento dos fabricantes na segurança das cadeirinhas”, afirma Arruda.

E testes no setor, alerta o orientador, são imprescindíveis. Atualmente, diz, nenhuma cadeirinha fabricada no Brasil possui a aprovação do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro).

SAIBA MAIS

As pessoas interessadas em obter outras informações sobre o seminário nacional, ou ter detalhes da fabricação do primeiro dummie nacional, podem acessar o site www.ninho.fem.unicamp.br

Faculdade discutirá normas

A Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp será a sede, a partir do dia 5 de maio, de um seminário nacional para o debate das normas técnicas a serem adotadas na fabricação de cadeirinhas infantis acopláveis a veículos. Criança e Segurança 2006 – Questões e Soluções vai reunir representantes dos organismos governamentais que controlam o trânsito e especialistas das montadoras de veículos e fabricantes das cadeirinhas.

De acordo com Celso Arruda, ex-diretor da FEM, uma única fabricante era certificada pelo Inmetro. Mas a Indústria de Qualidade dos Brinquedos (IQB) foi descredenciada. Hoje, diz, nenhuma empresa brasileira possui o selo do Inmetro, que comprova o respeito à NBr 14.400 (exigências de segurança no caso de impacto violento).

A partir do seminário, afirma Arruda, as indústrias do setor poderão se adequar às normas e colocar no mercado equipamentos de qualidade comprovada, para alívio dos consumidores brasileiros. (RV/AAN)