Unicamp assina convênio científico com a Petrobras

Gazeta Mercantil - 13/6/2003

sex, 13/06/2003 - 10h31 | Do Portal do Governo

Agnaldo Brito, de Campinas (SP)


Gazeta Mercantil – 13 de junho de 2003

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) assina hoje um convênio com a Petrobras para a montagem do Laboratório Experimental de Petróleo (Cepetro). A estrutura vai abrigar pesquisas fundamentais para o futuro da extração de petróleo em águas profundas brasileiras (off shore). O investimento de R$ 1,4 milhão, recurso financiado pela Petrobras, Unicamp e agências e fundos de fomento à pesquisa, permitirá o desenvolvimento de tecnologias mais atualizadas para melhor aproveitar os reservatórios em produção ou que venham a ser descobertos na costa brasileira. A perspectiva é que sejam iniciadas as primeiras pesquisas para medir escoamento e o fluxo do óleo dentro do novo laboratório em 2004.

O financiamento para o laboratório faz parte de um programa da estatal destinado ao desenvolvimento de tecnologia para extração de óleos pesados. O programa – que foi lançado em dezembro do ano passado – contempla 30 projetos e deve vigorar pelo menos até 2007. Segundo Saul Suslick, professor do Cepetro, as tecnologias existentes atualmente para exploração de petróleo em águas profundas não conseguem recuperar a maior parte do produto.

O número é variável, mas na média apenas 30% do petróleo existente em reservas na costa marítima brasileira são extraídos. Hoje o Brasil tem reservas provadas de 11,4 milhões de barris. A Unicamp é uma das instituições de pesquisa que tentará criar ferramentas capazes de melhorar esta performance. ‘Esta é uma questão estratégica para a Petrobras devido ao tipo de óleo e às condições de exploração que a empresa enfrenta em alto mar’, explica Suslick.

Tarefa difícil

Por ser um óleo mais pesado, com nível de enxofre mais alto, o óleo brasileiro tem um valor comercial inferior ao petróleo Brent comercializado no mercado internacional e considerado o padrão para determinação de preço dos demais óleos. Enquanto este petróleo tem 39,4 graus API (padrão de classificação), o produto extraído no Brasil tem classificação de 20 graus API. ‘Cerca de 40% ds reservas brasileiras estão abaixo de 20 graus API. Por isso, a recuperação deve ser maior, já que o óleo terá um preço menor’, disse.

A tarefa não é simples. Em reservas off shore, as condições para a extração são desfavoráveis. Antes da exploração , o petróleo conserva uma temperatura entre 90 e 100 graus. Ao ser bombeado para fora, sofre uma queda da temperatura para algo próximo a 4 graus, o que compromete o ritmo da exploração. A parceria entre Petrobras e Unicamp data de 1987, quando a estatal decidiu montar o Centro de Estudos de Petróleo. Desde então, já foram produzidas 267 dissertações de mestrado ou teses de doutoramento sobre o assunto, 212 feitas por técnicos da Petrobras.