Unesp deve ter cota para aluno de escola pública

O Estado de S.Paulo - Quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

qua, 17/12/2008 - 10h59 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

A Universidade Estadual Paulista (Unesp) deve ter em seu próximo vestibular, no fim de 2009, 738 vagas apenas para alunos de escolas públicas. É o que pretende o futuro reitor, Herman Voorwald, que encabeçava a lista tríplice para o cargo e foi nomeado na semana passada pelo governador José Serra. “Acompanhei por mais de um ano a discussão de inclusão e tenho subsídio para mostrar que não estamos deixando de incluir alguns para incluir outros”, disse.

Voorwald, que é vice-reitor, toma posse em 14 de janeiro, mas seu nome foi publicado no Diário Oficial de sábado. Logo que assumir, afirma, colocará o projeto – no papel desde o fim de 2007 – em votação no Conselho Universitário. E o novo reitor acredita que a reserva de vagas será aprovada. “A Unesp é muito sensível a essa questão da inclusão.”

A instituição, que tem cerca de 30 mil alunos de graduação, será a primeira universidade estadual paulista a ter um programa semelhante ao de cotas. A Unesp também é a única a ainda não ter um plano de inclusão – USP e Unicamp já dão pontos a mais para estudantes de escolas públicas em seus vestibulares.

As vagas serão criadas especialmente para esse grupo e vão estar distribuídas entre quase todos os cursos – com mínimo de 1 e máximo de 13 vagas por carreira. A quantidade foi calculada a partir da decisão da Unesp de chegar a um índice de 50% de seus alunos provenientes de escolas públicas. Hoje, estão em cerca de 36%. Um estudo preliminar computou a quantidade de estudantes vindos da rede pública entre 2003 e 2007 em cada curso e calculou quantos a mais seriam necessários para chegar ao índice desejado. Essa soma totaliza 738 vagas, o que representa 10% do total oferecido no vestibular anual atualmente.

Quando o projeto foi finalizado, em outubro de 2007, ele sequer foi apresentado à votação porque o reitor Marcos Macari percebeu que não seria aprovado. Segundo reportagem do Estado na época, havia rejeição de algumas unidades que diziam não ter estrutura para atender mais alunos. “A diferença é que durante 2008 investimos quase R$ 80 milhões em obras na Unesp, em salas de aula, laboratórios”, diz Voorwald. “Estamos criando condições de infra-estrutura ainda melhores para poder viabilizar uma discussão de mérito que não seja amarrada por uma discussão de estrutura.”

Entre os cursos que mais serão ampliados para receber alunos de escolas públicas estão Ciências Biológicas, em Jaboticabal (10 vagas), Jornalismo, em Bauru (10) e Letras, em Araraquara (13). Em Direito serão 3 vagas diurnas e 10 noturnas. Medicina, o curso mais concorrido do vestibular, terá mais 6 aprovados, todos vindos da rede pública. Os cursos que não terão nenhuma vaga já alcançaram 50% de alunos de escolas públicas.

“Hoje, quem faz escola pública e não estuda em um curso pré-vestibular tem pouca chance de entrar na universidade”, afirma Alessandra Venturi, coordenadora pedagógica do Cursinho da Poli, que conta com 7 mil alunos, 81% vindos da escola pública.

O novo reitor tem 53 anos, é formado em Engenharia Mecânica e faz pesquisa na área de materiais aeronáuticos. Voorwald foi diretor da unidade de Guaratinguetá da Unesp nos anos 90 e ocupa cargos há duas gestões na reitoria. O futuro vice-reitor será Julio Cezar Durigan, atual pró-reitor de administração.