Uma viagem, sem sair da cidade

O Estado de S. Paulo - Quinta-feira, dia 13 de abril de 2006

qui, 13/04/2006 - 11h53 | Do Portal do Governo

Rosa Bastos
Juliano Machado

No centro de São Paulo é possível admirar obras de arte e arquitetura e aprender um pouco de história



Como um turista acidental, aproveite estes dias de folga para bater perna no centro de São Paulo e desfrutar das maravilhas que ele oferece. Torne, por exemplo, uma ida à Pinacoteca do Estado algo memorável. Além de apreciar com toda calma a mais importante exposição de arte italiana dos últimos tempos, com 65 pinturas nunca vistas por aqui, pode-se completar o programa com um café no jardim e um passeio no Parque da Luz, o mais antigo e bonito da cidade.

Andar pelos amplos espaços do prédio da Pinacoteca, restaurado pelo premiado arquiteto Paulo Mendes da Rocha já é, em si, uma viagem. Nesta época, o edifício de colunas, pilastras e paredes em tijolos que, sem revestimento, deixam à mostra sua técnica construtiva, é emoldurado pelas flores de uma paineira.

Os médicos Samuel Henrique Mandelbaum, Fátima Rabay e Érico Di Santis, que moram em São José dos Campos, se anteciparam e viram na terça-feira a mostra Luz e Sombra na Pintura Italiana – entre o Renascimento e o Barroco. “É imperdível”, diz Mandelbaum. “Uma oportunidade rara de ver mestres europeus reunidos e, em cada quadro, um estudo de luz e sombra espetacular.”

Repare na beleza da Estação da Luz ali em frente. Inspirado na Abadia de Westminster, de Londres, o complexo arquitetônico de 1901 ocupa 7.500 metros quadrados e é um marco. O prédio abriga o Museu da Língua Portuguesa que abre hoje, das 10 às 17 horas. Mas estará fechado no feriado. Pode?

No antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), no Largo General Osório, a Estação Pinacoteca oferece duas exposições: Mestre do Modernismo e Entre a Realidade e a Ficção. Os visitantes podem conhecer quatro celas do antigo Dops, órgão de repressão da ditadura, de triste memória, que funcionou durante longo tempo no edifício projetado por Ramos de Azevedo, em 1914, que servia de armazém da Companhia Sorocabana.

Do outro lado da Avenida Tiradentes está o Museu de Arte Sacra. A construção original, em taipa de pilão, foi preservada. O acervo inclui peças de arte barroca e imagens do século 17 ao 20. O museu fica aberto das 11 às 19 horas e ainda tem uma exposição do escultor Hélio Petrus. Se quiser fechar o dia gloriosamente, como se estivesse em Viena, vá ao concerto da Orquestra Sinfônica do Estado (Osesp), na Sala São Paulo. Hoje, às 21 horas, e sábado, às 16h30, tem o 1º Ato de A Valquíria, de Wagner e Penthesilea – Poema Sinfônico Segundo Henrich von Kleist, de Hugo Wolf.

Mas atenção: amanhã e domingo a bela Sala São Paulo, na Estação Júlio Prestes, estará fechada. E, portanto, só sua arquitetura poderá ser admirada. O mesmo vale para o Teatro Municipal, na Praça Ramos de Azevedo, que fecha de quinta-feira a domingo. Mas sempre se pode admirar o prédio em estilo renascentista barroco, inspirado na Ópera de Paris.

O museu e a igreja do Pátio do Colégio ficam abertos só até as 13 horas de hoje. Se passar por lá, veja o conjunto arquitetônico formado pela capela e o Museu de Anchieta, no local onde São Paulo foi fundada. Mas saiba: nada daquilo é original. “Tudo é recente, reproduzido com base em fotos antigas”, conta o professor José de Souza Martins, estudioso de sociologia histórica. “O interessante está dentro, uma parede de taipa socada que sobrou do colégio antigo, do século 16, antes da reconstituição.”

A Biblioteca Mário de Andrade, na Rua da Consolação, abre até as 21 horas de hoje e, depois, só segunda-feira. Mas, se a sede de cultura for grande, o Centro Universitário Maria Antônia, na velha Rua Maria Antônia, cenário de tantas lutas na época da ditadura, ficará aberto de amanhã a domingo, das 10 às 18 horas. Estão em cartaz cinco exposições de artes plásticos e a entrada é gratuita.

A partir das 15 horas de hoje, no Centro Cultural Banco do Brasil, há sessões da mostra O Cinema Vê o Futuro. Às 19h30, a Cia. Elevador de Teatro Panorâmico encena a Peça de Elevador. Sábado, a partir das 14h30, e domingo, a partir das 14 horas, mais sessões de O Cinema Vê o Futuro. A peça Molly Sweeney – Um Rastro de Luz, com Julia Lemmertz, estará em cartaz às 19 horas de sábado e às 18 de domingo.

Além de diversão e arte, comida, claro. Sacie a sua fome no Mercado Municipal, que abre hoje e sábado normalmente e amanhã até as 16 horas. O passeio pelo centro pode incluir visitas a prédios. Construído em 1939, o do Banespa, na Rua João Brícola, proporciona uma vista panorâmica da cidade. Fica aberto das 10 às 17 horas para visitação do topo do edifício, que tem 161 metros de altura. O topo do Edifício Martinelli, primeiro arranha-céu da cidade, com 130 metros de altura, na Avenida São João, pode ser visitado amanhã, das 9 às 10 horas, e sábado e domingo, das 9 às 11 horas.

Projetado por Oscar Niemeyer em 1951, o Copan, na Avenida Ipiranga, é a maior estrutura de concreto armado de São Paulo e símbolo de modernidade. Sem contar que, no térreo, pode-se tomar um café muito bem tirado. E comer nas alturas, ao som de piano, no Terraço Itália, que fica no topo do edifício de mesmo nome, um dos mais altos da cidade, com 42 andares. Abre todos os dias.

IGREJAS

Já que é Páscoa, é bom saber que todas as igrejas vão abrir, com missas e procissões. Na de São Bento, celebrações acompanhadas de canto gregoriano, entoado pelo coral do mosteiro. Na Catedral da Sé, às 9 horas de hoje, haverá a Missa dos Santos Olhos, celebrada por d. Claudio Hummes; sexta, às 15 horas, Missa da Paixão, celebrada também por d. Claudio; às 18 horas, Procissão do Senhor Morto; às 19 horas, Missa de Lava-Pés; sábado, Vigília Pascal, com d. Claudio; e, no domingo, missas às 9 e 11 horas, celebradas pelo cardeal, e às 17 horas.