Uma penitenciária só para estrangeiros

Jornal da Tarde - Terça-feira, dia 17 de outubro de 2006

ter, 17/10/2006 - 10h25 | Do Portal do Governo

O presídio de Itaí, na região de Avaré, passou por obras recentes, incluindo a construção de salas para que diplomatas visitem os presos

Juliano Machado e José Maria Tomazela

A Penitenciária de Itaí, na região de Avaré, a 290 quilômetros de São Paulo, abrigará exclusivamente presos estrangeiros. O anúncio foi feito ontem pelo governador Cláudio Lembo (PFL). ‘A transferência deve acabar em uma semana’, disse.

A proposta era estudada pelo governo desde o mês passado, para facilitar os trabalhos da Justiça Federal. O Estado abriga 920 presos estrangeiros – 730 homens e 190 mulheres. Apenas os homens serão levados para Itaí.

Lembo disse que o presídio, com capacidade para 900 detentos, foi escolhido por abrigar presos que haviam cometido crimes sexuais – considerados calmos no sistema prisional. ‘Procuramos funcionários que tinham experiência com presos não-violentos, que é o caso dos estrangeiros.’ Detentos perigosos ou que estiverem no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) não serão transferidos. É o caso do chileno Mauricio Norambuena, que seqüestrou o publicitário Washington Olivetto. Na penitenciária foram construídas salas para cônsules visitarem os detentos.

A informação causou alívio entre os moradores da cidade de 22 mil habitantes. ‘Antes eles do que os presos ligados a facções criminosas’, disse o chefe de gabinete da prefeitura, Newton Rahmi Garcia. Segundo ele, desde que o presídio começou a ser esvaziado, no mês passado, a população se mobilizou. Havia receio de que a penitenciária passasse a receber detentos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Na semana passada, o prefeito Valdir Diana (PFL) chegou a manifestar essa preocupação ao governador Lembo.

‘A cidade não tem estrutura para receber as famílias que normalmente acompanham esses presos’, disse o chefe de gabinete. Oficialmente, segundo Garcia, a prefeitura não foi informada sobre a transferência de presos para a cidade. ‘O que a gente sabe é que o presídio não vai ficar vazio por muito tempo.’

O delegado da Polícia Civil Luis Fernando Rotelli acredita que a situação da segurança no município não vai se alterar.

Como o presídio sempre abrigou presos do chamado ‘seguro’, que não podiam ser misturados com a massa carcerária, não havia motins ou rebeliões. Rotelli acredita que, com a chegada dos presos estrangeiros, esse perfil vai se manter. O sinal de que a penitenciária estava reservada para os estrangeiros foi dado quando foram encerradas as transferências dos 990 presos para outras unidades, há duas semanas. Oito detentos não brasileiros permaneceram no presídio.