Um novo empreendimento dentro da USP

Gazeta Mercantil - 23/6/2003

seg, 23/06/2003 - 10h01 | Do Portal do Governo

Soraia Haddad, de São Paulo


Gazeta Mercantil – Segunda-feira, 23 de junho de 2003

No coração da Universidade de São Paulo (USP) nasce um grande projeto imobiliário – um parque. Com uma área de 21 mil m² e investimento inicial na ordem de R$ 2,6 milhões, o novo modelo chega ao ‘mercado’ com inovação e competitividade. É dentro do campus do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) que em dois meses começa a implantação de um parque tecnológico.

Segundo Rodrigues, membro do comitê consultivo do Uniemp – Fórum Permanente das Relações Universidade-Empresa e superintendente do Ipen, a construção inicia-se a partir da liberação da verba por parte dos governos estadual e federal e deverá estar pronta em um ano. Cada órgão desembolsará 50% do aporte inicial.

Este projeto, que chega para fomentar a inovação tecnológica brasileira, tem o apoio do Instituto Uniemp. De acordo com Maurício Prates, diretor de novos projetos do Uniemp, o Instituto atuará como gestor de oportunidades. ‘O Instituto coloca em sinergia as empresas, universidades e governo. Ele ajudará a unir forças’, diz.

Amplitude

O objetivo dos idealizadores é que esse formato de parque seja mais amplo e completo. ‘O parque será uma sucessão do Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec)’, afirma Rodrigues. Hoje a incubadora abriga mais de 100 empresas. ‘A empresa que apresenta sucesso no Cietec, mas que ainda necessita de apoio para se firmar no mercado poderá contar com a estrutura do parque tecnológico’, diz Rodrigues.

Essas empresas estão estruturadas no condomínio empresarial, um dos núcleos do empreendimento. Os outros núcleos são o centro de modernização empresarial e o centro de pesquisa cooperativa.

Segundo Prates, no condomínio ocorrerá a gestão da manutenção das empresas no mercado para evitar a mortalidade precoce delas. ‘A empresa tem de ser protegida das intempéries do mercado.’

No centro de modernização, o foco é a gestão empresarial. As empresas receberão orientação em relação ao risco do negócio, capital de giro, exportação, gestão da qualidade e ambiental. ‘A empresa cujo negócio depende de exportação receberá assessoria nesta área, por exemplo’, afirma Prates.

O terceiro núcleo será o centro de pesquisa, que funcionará integrado aos demais. Neste núcleo estão inseridas as empresas de médio ou grande porte que estejam em processo de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de produto. ‘Elas montam uma filial dentro do próprio centro’, diz Prates. Uma das grandes vantagens do desenvolvimento de pesquisas dentro do parque é a proximidade com o Ipen. ‘A pesquisa no centro é um upgrade no serviço. O empresário deixa de investir na verticalização’, comenta Rodrigues.

Custos

Cada espaço utilizado pelas empresas em qualquer um dos núcleos tem um custo que não é divulgado pelos gestores dessa estrutura tecnológica. A intenção é que entre cinco a dez anos o empreendimento seja auto-sustentável. Além do Uniemp, Cietec e Ipen, o parque conta com parceiros como USP; Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT); Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo (Sebrae-SP); Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp); Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Ministério da Ciência e Tecnologia.

Sérgio Risola, gerente do Cietec, informa que há um ano uma grande empresa do setor imobiliário investe regularmente no projeto, num total de R$ 500 mil. ‘O parque tecnológico será responsável pela geração de produtos inovadores e retenção de cérebros de nosso País’, afirma Risola.

Projetos Inovadores

A vocação desse parque será multidisciplinar, o quesito é que as empresas tenham projetos inovadores e empreendedores. ‘A empresa tem de estar integrada a todas as tecnologias em sua área de atuação no mercado nacional e internacional’, comenta Rodrigues.

Tanto Rodrigues com Risola afirmam que o parque tecnológico vai valorizar uma região. No caso de São Paulo, segundo Rodrigues, o parque tecnológico será um cartão de visita para a cidade quando for ampliado. Ele acredita que esse empreendimento dará uma nova vocação à região. A instalação do parque dentro da Universidade de São Paulo tem um grande significado. ‘A USP gera 30% do conhecimento científico do Brasil’, diz. Ele cita um exemplo na Espanha que modificou a região com a implantação de um parque tecnológico. ‘Na Galícia havia uma região degradada e houve a implantação de um parque tecnológico no lugar onde existia uma estrada. Hoje é unanimidade que o parque é melhor que a estrada.’

Há muitos parques em funcionamento na Europa e Estados Unidos. Só no Brasil, de acordo com Risola, existem 22 parques em processo de implantação.