Um novo corredor de exportações para São Paulo

Jornal da Tarde - Sábado, 17 de abril de 2004

sáb, 17/04/2004 - 12h14 | Do Portal do Governo

Dario Rais Lopes (*)

Com o primeiro embarque de 1.400 veículos no Porto de São Sebastião, começa a se consolidar um novo corredor de exportação no Estado de São Paulo, compreendendo as regiões de Campinas, Vale do Paraíba e Litoral Norte.

Este novo corredor – definido pela conjugação de infra-estruturas dos modos de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo e marítimo) dentro do conceito de intermodalidade – representa um avanço para a logística de comércio exterior, aumentando a competitividade do Estado de São Paulo e constituindo-se em alternativa ao corredor São Paulo-Santos para os produtos das regiões de Campinas e do Vale do Paraíba.

O atual estágio do novo corredor é o resultado de diversas iniciativas e investimentos do Estado nos últimos quatro anos. No sistema rodoviário foram aplicados mais de R$ 150 milhões em obras ao longo de todo o corredor, possibilitando o acesso rodoviário com fluidez e segurança. Além das obras de infra-estrutura viária entre o Planalto e o Litoral Norte, o Estado de São Paulo investiu também na adequação do Porto de São Sebastião, principal portal de acesso ao comércio exterior deste novo corredor.

Foi concluída a regularização e pavimentação do pátio 2, com 22 mil m2 de área. Em agosto estará concluída a construção de dois novos berços de atracação (dolphins), com investimento da ordem de R$ 2 milhões, além de um sistema interno de vigilância adaptado às novas normas de segurança portuária. Os resultados destas iniciativas já são sentidos não apenas pela operação de exportação que se inicia neste mês, mas pela crescente procura do Porto de São Sebastião tanto por operadores marítimos como por exportadores.

Mas o processo de efetiva consolidação deste corredor prevê muitas outras tarefas. Ainda este ano a Secretaria dos Transportes finaliza o projeto executivo para a ampliação do porto. O projeto prevê a construção de uma nova ponte de acesso, com estrutura para receber mais dois berços na atracação de navios e o aumento do calado, que passará de 8,5 metros para 14 metros. Com essas obras, num horizonte de 5 anos, o porto poderá movimentar um volume superior a 3 milhões de toneladas anuais, valor 8 vezes maior que as atuais 400 mil toneladas/ano. O investimento supera os R$ 70 milhões e o Estado obterá a sua viabilização em conjugação com a iniciativa privada.

A ampliação da malha viária, em especial a duplicação da SP-99 (Rodovia dos Tamoios) e um novo acesso ao porto, também são partes integrantes do programa de investimentos no corredor, pois são imprescindíveis no médio prazo e sua implantação se dará por meio de parcerias com a iniciativa privada.

Mas o corredor Campinas-Vale do Paraíba-Litoral Norte também contempla o uso dos modos ferroviário e aéreo que, embora sob gestão da União, têm recebido especial atenção do Estado de São Paulo.

No modo aéreo, o corredor prevê a utilização dos Aeroportos de Campinas (Viracopos) e de São José dos Campos, ambos administrados pela Infraero. Em Campinas, o Estado já firmou, com a própria Infraero e a Prefeitura de Campinas, um convênio para viabilizar a liberação das áreas necessárias à construção da segunda pista e ampliação das áreas dos terminais de carga. No caso de São José dos Campos, o Estado vem fazendo gestões no sentido da efetiva utilização das facilidades para movimentação de carga aérea já existente no aeroporto, sendo que a posição da Secretaria dos Transportes é que esta operação seja delegada à iniciativa privada, para que se tenha a necessária agilidade e flexibilidade requeridas pela logística do comércio exterior.

O modo ferroviário completa o corredor, através da malha ferroviária do Vale do Paraíba, que já é parte de um corredor de transporte consolidado entre São Paulo e o Rio de Janeiro. Esta infra-estrutura tem servido como passagem para fluxos inter-regionais entre os dois Estados, caracterizados particularmente por densos volumes de mercadorias de baixo valor agregado.

Entretanto, a economia do Vale do Paraíba e da Região de Campinas gera demanda de transportes de produtos e mercadorias de alto valor agregado que, hoje, tem pouca participação da ferrovia na sua veiculação. Neste cenário, o uso da ferrovia exige um conjunto de providências de variadas naturezas sendo a principal delas a construção de Centros Logísticos Integrados (CLIs) incorporando terminais intermodais que facilitem a transferência de cargas da ferrovia para o caminhão e vice-versa. O CLI deste corredor deverá se localizar na região de São José dos Campos, e deverá ter a importante função complementar de abrigar atividades retroportuárias do Porto de São Sebastião. Estima-se, preliminarmente, que há demanda para a implantação de um CLI com cerca de 300 mil metros quadrados.

Estas medidas dão sustentação a uma visão estratégica do desenvolvimento regional, que divisa o futuro do Vale do Paraíba e Litoral Norte e sua ligação com Campinas em uma perspectiva de crescimento econômico e qualidade de vida para a população.

* Dario Rais Lopes é secretário de Estado dos Transportes