Um museu com vocação itinerante

O Estado de S. Paulo

seg, 01/03/2010 - 9h04 | Do Portal do Governo

O conhecimento não pode ficar fechado, preso dentro de quatro paredes. Depois de alguns bem-sucedidos ensaios, o Museu da Língua Portuguesa se prepara para uma nova fase em que o seu endereço físico – o histórico prédio da Estação da Luz, em São Paulo – não será o único ponto para as suas badaladas exposições, que já atraíram quase 2 milhões de pessoas. Prestes a completar quatro anos de fundação, o museu paulistano prepara a montagem de uma exposição em Brasília (DF). “Sonhávamos com uma mostra que circulasse por outras cidades de São Paulo, outros Estados e até, por que não, outros países de Língua Portuguesa”, comenta o diretor da instituição, Antonio Carlos Sartini. Entre 25 de março de 25 de abril, o Palácio do Itamaraty abrigará, a convite do Ministério das Relaações Exteriores, uma versão resumida do acervo fixo do museu – enquanto em São Paulo são 1,2 mil metros quadrados, lá a exposição ocupará 350 metros quadrados. Com a vantagem de que providenciamos réplicas das peças, para que o frequentador do endereço principal, em São Paulo, não fique sem ver parte do acervo , explica Sartini. De acordo com o diretor, a ideia do Ministério é, ainda neste ano, levar a mostra para outras nações lusitanas.

Temporárias

Embora seja a primeira vez que o museu prepara uma exposição itinerante, outras iniciativas parecidas já vêm ocorrendo. As mostras temporárias, depois de exibidas em São Paulo, costumam ir para outras instituições. Assim foi com Guimarães Rosa: Grande Sertão: Veredas, em cartaz no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (RJ), em 2007; Clarice Lispector: A Hora da Estrela, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), também do Rio, em 2008, e no CCBB de Brasília, em 2009; Gilberto Freire: Intérprete do Brasil, no Santander Cultural de Porto Alegre (RS), em 2008. Em outubro do ano passado, o museu promoveu a exposição multimídia Omistériootempoempoesias, do artista plástico mineiro Cacau Brasil, também fora de seu espaço físico – embora a poucos metros dele. Até 25 de janeiro, a mostra pode ser conferida pelas 400 mil pessoas que passam diariamente pela área pública da Estação da Luz.

A itinerância não deve parar nesses exemplos. Sartini antecipa que já há patrocinadores interessados em bancar um outro projeto da instituição. A partir do segundo semestre, o plano é que dois containeres com uma versão pocket do acervo do museu circulem pelo interior e litoral paulistas. Ficarão 45 dias em cada cidade – as sete primeiras da lista são Campinas, Araraquara, Praia Grande, Registro, São José do Rio Preto, São José dos Campos e Sorocaba. Montada, a exposição ocupará 400 metros quadrados.

Visita a hospitais

sde agosto do ano passado, oito dos educadores que monitoram as visitas do museu dedicam-se a um trabalho voluntário. Trata-se do Projeto Dengo, no qual eles levam em laptops, uma vez por semana, brincadeiras linguísticas e parte do acervo da instituição  para divertir e entreter os pacientes do Hospital do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc), na Vila Clementino, zona sul de São Paulo. A ideia nasceu da vontade de atender a pessoas que não podem vir ao museu , explica a coordenadora do Núcleo Educacional da instituição, Marina Toledo. Serão 20 minutos com cada paciente. As possibilidades lúdicas infinitas , garante a educadora Wilmihara Santos, uma das voluntárias. “É gratificante quando eles dizem que, depois de receber alta, querem conhecer o museu de verdade.”