Um local para falar de saneamento

O Estado de S. Paulo

qua, 24/06/2009 - 8h10 | Do Portal do Governo

Obras, em SP, vão custar R$ 15 mi

Difícil acreditar como uma cidade com tanta abundância de água, com rios e nascentes por todos os lados, tenha sofrido (e ainda sofra) com inúmeros problemas de saneamento e abastecimento. Em 1914, por exemplo, São Paulo enfrentava uma epidemia de febre tifoide nos bairros baixos, provocada pelo uso das águas poluídas do Tietê. Em 1970, o índice de mortalidade infantil chegava a 81,3 por mil crianças nascidas vivas. Para contar um pouco da história da infraestrutura da capital, que passa pelos chafarizes do século 17, pelos homens que vendiam água em pipas na porta das casas até 1900 e pelas grandes obras de esgoto, o centro da cidade vai ganhar um museu dedicado exclusivamente ao tratamento da água.

O Museu do Saneamento foi desenvolvido pela Fundação Energia e Saneamento de São Paulo e ocupará um terreno da Companhia de Saneamento Básico (Sabesp) na Avenida do Estado, onde ficam as antigas instalações da Estação Elevatória da Ponte Pequena. Ao custo de R$ 15 milhões, o projeto criado pelos arquitetos Renato e Lilian Dal Pian pretende revitalizar o prédio e a casa de bombas do século 19, além de criar áreas expositivas, auditório, deque com bar, biblioteca e café.

Perto da Pinacoteca e do Museu da Língua Portuguesa, o Museu do Saneamento pretende também integrar o tão sonhado polo cultural na região central da cidade – a exemplo do que acontece em cidades como Berlim, na Alemanha, e Bilbao, na Espanha, onde vários museus e centros expositivos perto um do outro atraem milhares de turistas todos os anos.

“Temos a ideia do museu desde 2004, e queremos colocá-lo onde começou o tratamento do esgoto de São Paulo, na antiga Estação Elevatória da Ponte Pequena”, diz a arquiteta Mariana Rolim, superintendente executiva da Fundação Energia e Saneamento. “Estamos esperando agora a aprovação final do Condephaat para começar a captação de recursos. Acho que no segundo semestre começamos a obra.”

Além de restaurar o prédio histórico da Sabesp – que vai perder exatas 14 camadas de tinta para exibir novamente os seus tijolos aparentes -, o projeto pretende demolir quatro galpões construídos com o passar dos anos e que acabaram por obstruir a visão do terreno. O local também ganhará um novo edifício, parecido com uma caixa de aço, que será ligado ao prédio principal por um corredor de vidro de 24 metros de extensão.

“No térreo, teremos espelhos d?água e 7 mil metros quadrados de jardins”, conta Mariana Rolim. “Já nas áreas expositivas, que totalizam 3 mil metros de área construída, teremos tanto um acervo multimídia quanto um com instrumentos históricos e diversos equipamentos da memória do saneamento.”

Apesar da construção de um museu para contar a sua história, o saneamento de São Paulo continua longe de ser um motivo de orgulho para os paulistanos. Ainda hoje, parte dos habitantes da região metropolitana atendidos pela Sabesp paga o tratamento de esgotos, mas a empresa joga tudo, in natura, nos rios e córregos, por falta de coletores, interceptores e emissários.