Um dossiê contra o crime organizado no Brasil

O Estado de S.Paulo - Domingo, 6 de janeiro de 2008

dom, 06/01/2008 - 12h08 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

Fatos recentes no País comprovam que o crime organizado é uma ameaça concreta à sociedade civil e ao Estado brasileiros. Mas o entendimento das causas e o enfrentamento dos efeitos da criminalidade ainda estão longe de ter êxito. Para contribuir no debate sobre o tema, a revista quadrimestral Estudos Avançados (edição 61, 332 págs., R$ 30), da USP, produziu o dossiê Crime Organizado.

A publicação apresenta texto de vários especialistas, como Guaracy Mingardi, que escreve sobre o trabalho da inteligência policial, e Luiz Eduardo Soares, que trata da política nacional de segurança pública. Sérgio Adorno e Fernando Sallo lançam luzes sobre a organização dos criminosos a partir das ações do PCC (Primeiro Comando da Capital) nas prisões e nas ruas de São Paulo.

As entrevistas com o delegado da Polícia Federal Getúlio Bezerra Santos e com o padre Valdir João Silveira, vice-coordenador da Pastoral Carcerária, trazem a experiência de quem está envolvido diretamente no combate e no tratamento da criminalidade no Brasil.

A representação da violência nos documentários brasileiros é o objeto de estudo de Paulo Roberto Ramos. Os atos criminosos se intensificaram a partir dos anos 1980, durante o período de transição política, depois o fim da ditadura militar, marcado por fortes turbulências econômicas. Como conseqüência, a criminalidade se tornou assunto inevitável das artes, da música ao teatro. O ensaísta elegeu os seguintes longas-metragens: Notícias de Uma Guerra Particular, de João Moreira Salles e Kátia Lund, Ônibus 174, de José Padilha, Justiça, de Maria Augusta Ramos, e Falcão: Meninos do Tráfico, de MV Bill e Celso Athayde. Essas obras cinematográficas representam um amplo leque em relação à delinqüência brasileira – tráfico de drogas, discriminação social, a Justiça.

O autor alerta que outros filmes, como O Prisioneiro da Grade de Ferro, Carandiru e Quase Dois Irmãos, podem ser exemplos de aproximação com os quatro documentários escolhidos, pois apresentam uma visão sombria sobre a violência no Brasil. O que importa, segundo ele, não é a capacidade da obra de arte de solucionar problemas, mas a sensibilidade dela a respeito das coisas da vida.