Um corredor verde na Marginal do Tietê

O Estado de S. Paulo - Terça-feira, 17 de maio de 2005

ter, 17/05/2005 - 9h17 | Do Portal do Governo

Governo promete 4 milhões de mudas ao longo de 25 quilômetros

Mauro Mug

No momento, são algumas mudas esqueléticas de mulungu que foram plantadas sábado, perto da Ponte do Piqueri, e exemplares de pau-brasil, perto da Ponte Cruzeiro do Sul. Há ainda chorões e quaresmeiras. Até julho, no entanto, 4 milhões de arbustos e árvores deverão estar crescendo às margens do Rio Tietê. Será um corredor verde de 25 quilômetros, entre o Parque Ecológico e o Projeto Pomar, no Rio Pinheiros, que promete tornar a cidade mais agradável, reduzindo a sensação de calor e trazendo de volta várias espécies de pássaros.

Os técnicos garantem que o jardim estará consolidado em cinco anos, tempo que as plantas levarão para chegar à idade adulta. O projeto paisagístico custará R$ 2,5 milhões, correspondentes a 0,3% do custo total das obras de aprofundamento e ampliação da calha do Rio Tietê, orçadas em R$ 850 milhões. Quase 85% das obras estão concluídas. Elas devem ser entregues em setembro, com mais de dois anos de atraso. ‘Embora elas não estejam totalmente concluídas, há três anos não ocorrem enchentes provocadas pelo Tietê’, afirma o superintendente do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), Ricardo Borsari.

A cada intervalo entre as pontes, será plantada uma espécie de árvore. As imediações do Cebolão vão ganhar 300 cerejeiras, uma forma de homenagear os 100 anos da imigração japonesa. Mas o paulistano também poderá ver ipês de várias cores, palmeiras, jacarandás e quaresmeiras. A idéia é formar um tipo de identificação viva, que ajudará o motorista a se localizar na Marginal.

‘Depois dos ipês amarelos, entrar à direita e pegar a ponte. Será uma indicação mais bucólica do caminho’, acredita o engenheiro da empresa Maubertec, André Luis de Medeiros Monteiro de Barros, coordenador do projeto paisagístico das margens do Tietê. ‘O jardim deixará a cidade mais humana e vai induzir a outras iniciativas semelhantes.’

Com a finalidade de demarcar os locais, serão plantadas 2.200 árvores de várias espécies com 3 e 4 metros de altura e troncos com 10 centímetros de diâmetro – adultas, chegarão a até 15 metros de altura. O mulungu é um dessas árvores demarcatórias. Haverá ainda 600 palmeiras. Serão colocadas em covas a 20 metros de distância entre uma e outra. O espaço entre elas será preenchido por mudas de vedelia paludosa, planta rasteira de pequenas flores amarelas.

O professor José Rubens Pirani, do Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo (USP), elogiou a escolha das espécies. Mas fez um alerta: ‘O solo é muito sofrido e agressivo. Para que a vegetação vingue, é necessário adubar e irrigar adequadamente as covas.’ Sua única crítica é com relação ao local do plantio das cerejeiras. ‘No Cebolão, é inadequado. As cerejeiras são árvores mirradas, que florescem apenas durante um mês no ano’, explicou. ‘Deveriam ser plantadas árvores que exibissem o verde durante todo o ano, melhorando o aspecto árido e desolador do local.’