Um centro para tratar o autismo

Jornal da Tarde - Segunda-feira, dia 7 de agosto de 2006

seg, 07/08/2006 - 11h26 | Do Portal do Governo

Nova unidade foi aberta em complexo hospitalar em Pirituba e oferece 12 leitos, além de orientar as famílias

CAMILLA HADDAD, , camilla.haddad@grupoestado.com.br

São Paulo terá a partir de hoje o primeiro centro público de internação do País destinado a autistas adolescentes. O autismo é uma síndrome com fortes componentes genéticos em que o portador apresenta comprometimento de três domínios: comunicação, sociabilização e imaginação. A unidade, aberta no Complexo Hospitalar Philipe Pinel, em Pirituba, Zona Oeste, terá 12 leitos. Se necessário, abrirá mais 10.

Ricardo Tardelli, diretor estadual de Saúde, explicou que a meta do novo centro é manter pacientes até que tenham condições de voltar para casa e conviver com a família, fazendo tratamento ambulatorial.

Os autistas são acompanhados por psiquiatras, psicólogos e fisioterapeutas. “A gente quer ajudar a família a entender a doença e estimular o tratamento”, disse Tardelli.

O autismo pode ser diagnosticado a partir de 1 ano e meio de idade. A criança não responde quando é chamada pelo nome, não estabelece contato por meio dos olhos, brinca de uma mesma coisa obsessivamente e não se interessa por interagir com outras crianças ou parentes. “Muitas dessas características raramente aparecem ao mesmo tempo. Pediatras se enganam e tendem a tranqüilizar os pais, dizendo que é coisa da idade”, alerta a analista de comportamento Meca Andrade, do New England Center for Children.

A profissional diz ainda que, aos 3 ou 4 anos, não dá mais para negar que a criança tem a síndrome porque essas características ficam mais acentuadas e as diferenças mais claras. O tratamento, basicamente, é dado com terapia comportamental a partir dos 2 anos, numa média de 40 horas por semana. “São ensinadas habilidades que a criança autista não estava desenvolvendo naturalmente.” Há casos, segundo Meca, em que os padrões comportamentais oferecem risco para o paciente e para os outros. “Infelizmente, na maior parte das vezes, e por conta da falta de conhecimento das pessoas, esses sintomas passam batido”, diz.

De acordo com o órgão norte-americano Center of Disease Control and Prevention o autismo afeta de 2 até 6 pessoas em cada 1.000, isto é, pode afetar até 1 pessoa em cada 166 e é muito mais freqüente em meninos do que em meninas. Rosiclair Bispo tem um filho autista de 10 anos. “Só descobri quando ele tinha quase dois anos”, diz. “Os médicos diziam que ele era surdo.”