Um ato de respeito à saúde

Jornal da Tarde

seg, 26/10/2009 - 7h53 | Do Portal do Governo

Levantamento feito na Universidade da Califórnia a partir da revisão de 13 estudos realizados em cidades dos Estados Unidos, Canadá e Europa, totalizando cinco países, concluiu que o banimento de fumo em ambientes fechados reduz o número de internações por enfarte em até 17% após um ano em vigor de leis restritivas similares à adotada pelo Estado de São Paulo. Para a Associação Brasileira do Câncer (ABCâncer), a conclusão reforça e fundamenta a importância da implantação da lei antifumo. 

A pesquisa, publicada na revista Circulation, da Associação Americana de Cardiologia, também aponta que após três anos da adoção da lei as internações por ataques cardíacos sofrem uma queda de 36%. Destacamos a importância do levantamento por reunir estudos de diferentes partes do mundo, além de ser o primeiro a apontar uma tendência consistente de queda dos casos de ataque do coração. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o tabagismo como a principal causa de morte evitável em todo o mundo. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o tabagismo gera uma perda mundial de US$ 200 bilhões por ano, e a metade dela ocorre nos países em desenvolvimento. O valor, calculado pelo Banco Mundial, é o resultado da soma de vários fatores, como o tratamento das doenças relacionadas ao tabaco, mortes de cidadãos em idade produtiva, maior índice de aposentadorias precoces, aumento no índice de faltas ao trabalho e menor rendimento produtivo. Ainda segundo o Inca, 90% dos pacientes com câncer de pulmão são fumantes. 

A eliminação do fumo em ambientes fechados gera uma queda do número das internações e, consequentemente, uma economia nos gastos com esse tipo de procedimento. Os dados do levantamento ajudam a comprovar os benefícios da lei antifumo e a convencer outros Estados a implantar a legislação em benefício da população. 

Nós, da ABCâncer, que atuamos para a aprovação da lei em São Paulo, defendemos que ela é um ato de respeito à saúde pública, que beneficia o fumante, que gradativamente diminui o consumo. 

No Estado de São Paulo, a Secretaria da Saúde divulgou um balanço, feito entre agosto e outubro, que mostrou alto índice de adesão à lei: 99,6%. Foram realizadas 72.431 fiscalizações e aplicadas 288 multas. Como uma organização da sociedade civil, esperamos que cada cidadão preze pela sua saúde e contribua com a aplicação da lei. Também esperamos que os altos índices de adesão não diminuam a fiscalização dos órgãos do governo e que São Paulo sirva de exemplo para o restante do Brasil. Nossa esperança é que a lei antifumo seja o primeiro passo para melhorar os índices da saúde pública e das mortes relacionadas ao tabaco. 

Marília Casseb é diretora executiva da Associação Brasileira do Câncer