TV Cultura é um novo modelo de TV pública

O Estado de S.Paul - Domingo, 11 de março de 2007

dom, 11/03/2007 - 10h54 | Do Portal do Governo

De O Estado de S.Paulo

Depois de quase três anos de recuperação, a TV Cultura está em vias de se transformar em modelo brasileiro de televisão pública. Que diferença em relação ao quadro vigente em maio de 2003, quando a emissora vivia um dos períodos mais difíceis de sua história, com equipamentos obsoletos e atrasos de pagamentos, entre outros graves problemas.

Em menos de três anos, Marcos Mendonça, presidente da Fundação Padre Anchieta, mudou radicalmente a instituição. ‘Para alegria dos paulistas e brasileiros – diz ele – a TV Cultura é hoje uma nova emissora de televisão, tanto em programação, tecnologia, audiência, imagem institucional e situação econômica. Pesquisas do Data Folha, do Ibope e Meio e Mensagem revelam que, na opinião majoritária dos entrevistados, a TV Cultura é a emissora mais ética e de maior independência editorial. E sua programação é considerada a de melhor nível cultural no País.’

INFANTIL E JUVENIL

Uma boa televisão pública é um patrimônio de toda a sociedade, em especial por sua contribuição à educação. Nesse sentido, a área de maior avanço nos últimos três anos foi a da produção de programas infantis, na qual a Cultura tem longa tradição e reconhecimento internacional. O recém-criado Núcleo Infantil tem, entre outras incumbências, buscar o apoio da iniciativa privada de forma mais sistemática e estruturada, ampliar as produções do Canal Rá-Tim-Bum e iniciar um novo programa de bonecos.

A TV Cultura nunca teve uma programação dedicada aos jovens entre 12 e 20 anos. Para sanar essa lacuna, a emissora está lançando nas próximas semanas quatro novos programas dedicados ao adolescente, aos jovens de espírito científico, à música e ao conhecimento. Um quinto programa, diário, estréia ainda neste mês, em formato semelhante ao YouTube, isto é, com muitos clipes e vídeos curiosos.

A EDUCAÇÃO

O recém-criado Núcleo de Educação vai produzir materiais de apoio à educação formal mediante a utilização do imenso acervo educativo da emissora e da produção de programas especiais, concebidos com a orientação de especialistas.

A TV Cultura e suas duas emissoras de rádio estão ampliando o relacionamento e a cooperação com entidades internacionais de competência indiscutível. Esse processo de internacionalização começou com um acordo com a British Broadcasting Corporation (BBC), a maior e mais respeitada TV pública do mundo, e prossegue com a TV 5 (França), a Rádio Televisão Portuguesa (RTP), a ORF (Áustria), canais mexicanos 11 e 22, a TV Educar (Argentina), além de diversos acordos com emissoras chinesas.

SUPERÁVIT

Em 2006, pela primeira vez nos últimos 15 anos, a TV Cultura terminou um ano com superávit operacional. Para financiar seus novos investimentos, no entanto, a Fundação Padre Anchieta desenvolveu uma estratégia bem sucedida de captação de recursos – via publicidade e venda de produtos e serviços – que permitiu saltar de uma receita de cerca de R$ 20 milhões em 2004 para R$ 40 milhões em 2006, que já equivale a quase 40% de seu orçamento.

Essas receitas provêm não apenas da área de publicidade, mas também da área de serviços, com a venda de produtos culturais. A emissora realiza essa comercialização de produtos, o licenciamento e a venda de programas por intermédio do departamento chamado Cultura Marcas. O crescimento nessa área foi de 200% entre 2004 e 2006, com o licenciamento de mais de 30 empresas e uma linha de cerca de 1.200 produtos lançados. Marcos Mendonça prevê um crescimento de 40% no faturamento do Cultura Marcas, ao longo deste ano, com 4 novos contratos internacionais de representação, além de 50 novos produtos do Cocoricó que serão lançados no mercado.

DIGITALIZAÇÃO

O maior ativo cultural de uma emissora é hoje o seu conteúdo, desde que armazenado em acervos digitais. Nesse sentido a TV Cultura tem investido continuamente na preservação de seu acervo e na digitalização de seu arquivo. Entre os programas recuperados que já podem ser vistos na grade de programação estão os teleteatros e dezenas de programas infantis.

É claro que ainda resta muita coisa a ser feita em todas as áreas. Na infra-estrutura tecnológica, por exemplo, mesmo com o avanço da digitalização, ainda há equipamentos que funcionam com válvulas. Mas, segundo Mendonça, em poucos meses, tudo deverá estar renovado, pois a emissora acaba de receber novos equipamentos digitais. Entre eles, estão as unidades móveis, as mesas digitais, as câmeras de alta definição e ilhas de edição de última geração.

As duas emissoras de rádio da Fundação Padre Anchieta, Cultura AM e FM, viviam uma situação ainda pior do que a televisão até 2004. A FM está praticamente recuperada e modernizada. A Cultura AM ainda enfrenta o problema da obsolescência tecnológica, mas, dentro de 30 a 60 dias terá novos equipamentos e novo sistema de transmissão instalado próximo à represa de Guarapiranga. Sua programação será inteiramente dedicada a dois temas: durante o dia, educação; à noite, música popular brasileira.