Tumor de mama é descoberto cada vez mais cedo

O Estado de S.Paulo - Terça-feira, 6 de novembro de 2007

ter, 06/11/2007 - 10h38 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

Um estudo realizado pelo Hospital A.C. Camargo (antigo Hospital do Câncer), de São Paulo, mostra que as mulheres com câncer de mama estão descobrindo cada vez mais cedo que têm a doença e, por isso, iniciando o tratamento quando a cura ainda é possível.

O hospital analisou os prontuários médicos de todas as quase 15 mil pacientes com tumor de mama que procuraram a instituição desde sua fundação, em 1953. Daquele ano a 2004, apenas 30% tinham tumores em estágios iniciais. De 2000 a 2004, o índice aumentou para 76%. No Brasil, mais de 40 mil mulheres descobrem a cada ano que têm a doença.

De todos os cânceres, o de mama é o que mais mata as mulheres no Brasil. No ano passado, 10,4 mil morreram no País. Quando descoberta e tratada em fases iniciais, a doença é curável. Atualmente, com o diagnóstico precoce, perto de 80% das mulheres tratadas no Hospital A.C. Camargo conseguem se curar (sobreviver pelo menos cinco anos).

“Aos poucos, o câncer está sendo desmistificado”, diz o médico Carlos Jorge Lofti, superintendente de operações do A.C. Camargo. “O problema é que muitas mulheres ainda têm medo de avançar nesse tema porque o seio está associado à feminilidade, à sexualidade. Por isso, ficam esperando. As chances de cura são diminuídas.”

Entre os motivos para a detecção precoce estão as campanhas educativas. Tem sido amplamente divulgada a importância do auto-exame e das mamografias regulares a partir dos 40 anos. “Esse fenômeno já aconteceu com o câncer de colo de útero, que até poucos anos atrás era o mais freqüente entre as mulheres. Virou uma prática comum a mulher procurar o ginecologista para fazer o exame de papanicolau. A incidência da doença caiu”, compara Ricardo Tardelli, diretor de Saúde da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo.

O próximo passo é reduzir o número de mortes por causa da doença, ainda crescente no País. Em 1996, 7.163 mulheres morreram. Dez anos depois, foram 10.416. “Só é possível reduzir a mortalidade com diagnóstico precoce e tratamento adequado”, diz Cláudio Noronha, um dos coordenadores do Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde.

O tratamento pode se limitar à retirada cirúrgica do tumor. Nos casos mais avançados, é necessário ainda que a paciente se submeta à quimioterapia, à radioterapia e até mesmo à retirada total da mama. O seio pode ser reconstruído por cirurgia plástica.