Tudo novo no Caminho do Mar

O Estado de São Paulo - Quinta-feira, dia 11 de maio de 2006

qui, 11/05/2006 - 11h37 | Do Portal do Governo

Com a entrega do Pouso do Paranapiacaba, só falta recuperar dois monumentos construídos em 1922

Fabiano Rampazzo

Tudo novo no Caminho do Mar. Ou quase tudo. A segunda das três etapas que prevêem a restauração dos oito monumentos históricos do Programa Caminho do Mar-Pólo Ecoturístico, na Estrada Velha de Santos, está concluída. O Pouso do Paranapiacaba, de 1922, ponto de parada na viagem em direção ao mar, foi entregue ontem, novinho em folha, à altura de sua bela vista. “Todas as etapas vão custar R$ 3,2 milhões, valor integralmente amparado pela Lei Rouanet. A última fase de restauração começa agora em julho”, disse o presidente do Conselho Curador da Fundação Patrimônio Histórico, Energia e Saneamento, Sérgio Camargo.

O governador Cláudio Lembo (PFL) esteve lá e, além ver o Pouso do Paranapiacaba, seguiu de carro até Cubatão. “Creio na identidade nacional, no Brasil, e obras de restauração como esta são muito importantes”, disse. A estrada já recebeu 74 mil visitantes desde 2004, quando foi aberta ao público depois de mais de dez anos de interdição. As visitas são monitoradas (Veja ao lado).

A primeira etapa da restauração dos monumentos, distribuídos pelos 8 quilômetros da estrada que liga São Bernardo do Campo a Cubatão, foi concluída em dezembro. Em sete meses foram recuperados o Belvedere Circular, Rancho da Maioridade, Padrão do Lorena, Ruínas do Pouso e Monumento do Pico. Custo: R$ 1,4 milhão.

A segunda etapa de obras, entregue ontem, contemplou apenas o Pouso do Paranapiacaba e custou R$ 1,5 milhão. “Só ele consumiu três meses, foi o que deu mais trabalho, até porque é o maior monumento”, disse Camargo. Ele disse que a terceira etapa, com entrega prevista para julho, vai cuidar do Pontilhão da Raiz da Serra e do Cruzeiro Quinhentista. O orçamento da restauração dos dois monumentos é de R$ 300 mil.

Os monumentos, todos de 1922, foram criados pelo arquiteto francês Victor Dubugras. “Ele era genial. O trabalho que fez ali, com pedras, valorizando as vistas, é fantástico”, explicou o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP) Nestor Goulart Reis.

O Belvedere Circular fica no começo da estrada, poucos metros depois do Pouso do Paranapiacaba, e marca o primeiro cruzamento da Calçada do Lorena com o Caminho do Mar. “A Calçada do Lorena, construída em 1792, foi um marco. Ela atravessa toda a mata atlântica e viabilizou a subida e descida de mulas num trajeto que, até então, era feito por homens, que carregavam cargas de açúcar nas costas”, explicou Goulart Reis.

Durante todo o percurso da estrada é possível ver a Calçada do Lorena cortando caminho mata adentro. Por todo o trajeto, há placas com informações sobre cuidados para preservar a mata atlântica.

Mais adiante, está o Rancho da Maioridade, antigo ponto de descanso e reabastecimento. Seu nome é uma alusão à Estrada da Maioridade, de 1846, em homenagem à maioridade de d. Pedro II. No ponto há uma bica de água potável com a data de 25 de abril de 1931. “Essas obras de restauração foram fundamentais. Há dois anos aquilo estava completamente degradado. Lembro de ter pedido para fotografar os monumentos e de ver os colegas voltarem deprimidíssimos, pois estava tudo muito ruim”, comemorou o professor. Ele ressaltou ainda a importância da antiga Estrada de Santos, que recebeu a primeira pavimentação em concreto armado do Brasil.