Trinta anos de metrô

Diário de S.Paulo - Sexta-feira, 17 de setembro de 2004

sex, 17/09/2004 - 12h30 | Do Portal do Governo

LUIZ CARLOS DAVID

No dia 14 de setembro, o metrô completou 30 anos de serviço à população de São Paulo e mereceu da imprensa o título de “orgulho paulistano”.

O nosso metrô ainda é pequeno no tamanho, possui 58 quilômetros de linhas, mas é grande na eficiência, porque transporta, com dignidade, mais de 2,5 milhões de pessoas diariamente, o que significa atender, diariamente, toda a população das cidades de Campinas, Sorocaba, São José dos Campos e Santos.

Em termos mundiais, estamos em 4º lugar em número de passageiros transportados por quilômetro de linha, logo atrás de Moscou, Tóquio e Hong Kong. No intervalo entre trens, que mostra a eficiência e tecnologia dos metrôs, estamos em 3º lugar, com 101 segundos entre trens, próximo das mais modernas linhas de Moscou e Paris.

Na extensão da rede, por milhão de habitantes, a nossa posição mundial reflete o PIB brasileiro, estamos em 15º lugar. São Paulo possui 5,4 quilômetros de metrô para cada milhão de habitantes. Paris, no primeiro posto desta lista, possui 105,7 quilômetros/milhão de habitantes, e cidades como Londres, Nova York e Madri têm 65 quilômetros/milhão de habitantes.

No Brasil, a construção de metrô anda no mesmo ritmo da economia. Na década de 70, no “milagre brasileiro”, implantamos 19 quilômetros da linha Norte/Sul, entre Jabaquara e Santana. Na ocasião, com a construção do Metrô, veio a reurbanização do Centro Velho da cidade, terminais urbanos de ônibus, uma nova Praça da Sé e novas avenidas no Jabaquara. Novas tecnologia foram introduzidas no país com a implantação do Metrô. Este atuava como um catalisador do desenvolvimento, numa época em que os recursos eram abundantes.

Na década de 80, durante a construção da Leste/Oeste, apesar do traçado ser em grande parte em superfície, com a utilização de áreas da antiga ferrovia de subúrbio, ao lado da Avenida Radial Leste, o que significava um custo de implantação bem menor, já sofríamos para obter recursos, retrato dos nossos problemas econômicos, inflação galopante, crise do petróleo etc.

No fim da década de 80 foi a vez da construção da linha da Paulista, para atender o novo centro financeiro da metrópole, além de área de concentração do maior complexo hospitalar da América do Sul.

Sensível à importância de um transporte rápido e eficiente para a população da cidade de São Paulo, nos últimos dez anos, o Governo do estado trabalhou e trabalha para ampliar a rede do metrô em mais 38,9 quilômetros. E sempre com responsabilidade e zelo pelo dinheiro público.

Mário Covas que, vale destacar, encontrou um estado falido, depois de colocar as finanças em ordem, conseguiu concluir 23,2 quilômetros de metrô (operados pelo Metrô ou pela CPTM), terminando obras abandonadas nas duas últimas administrações: 3,5 quilômetros entre Santana e Tucuruvi; 2,2 km entre o Hospital das Clínicas e a Vila Madalena; 8,1 km de Itaquera até Guaianazes; e 9,4 km da nova linha Capão Redondo a Santo Amaro.

Covas sempre dizia que a obra mais cara era a obra parada, porque já tinha consumido o dinheiro público e não servia para nada. Hoje, em São Paulo, temos o “Fura-Fila”, agora “Paulistão”, que já consumiu mais de R$ 300 milhões e não transporta um passageiro sequer.

Geraldo Alckmin iniciou o prolongamento do metrô de Ana Rosa até Imigrantes, com 2,9 quilômetros, que será entregue à população em 2006, e começou as obras da nova Linha 4, entre Vila Sônia e a Luz, com 12,8 quilômetros, totalmente subterrânea.

A Linha 4, linha da integração, cruzará a cidade sob as avenidas Francisco Morato, Eusébio Matoso, Rebouças, Consolação e Ipiranga, integrando todas as linhas do metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos — CPTM. É um investimento de R$ 3,1 bilhões que será inaugurado pelo próximo governador, em 2008.

Construir metrô não é obra de um governador. É um empreendimento de estadistas que tratam do futuro da cidade e não só do seu futuro político. Como disse o mestre jornalista Loureço Diaféria sobre a construção do Metrô de São Paulo, “não existe vocação mais respeitável e cordial do que essa para humanizar um vulcão de suor e labuta”.

Luiz Carlos David é presidente do Metrô de São Paulo e foi secretário dos Transportes do Estado