Treze das 20 melhores de SP são da capital

O Estado de S.Paulo - Sexta-feira, 4 de abril de 2008

sex, 04/04/2008 - 14h58 | Do Portal do Governo

O Estado de S.Paulo

A maioria das melhores escolas de São Paulo está na capital: são 13 paulistanas entre as 20 do ranking de maiores notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2007. A lista repete o que ocorre nos resultados nacionais, com uma prevalência de escolas particulares. Entre as melhores, apenas quatro são públicas, todas técnicas ou profissionalizantes. A maior média foi, pelo terceiro ano consecutivo, dos alunos do Colégio Vértice, que fica no Campo Belo, zona sul.

As outras campeãs do Estado também não mudaram muito com relação aos dois outros anos em que o Ministério da Educação (MEC) divulgou as notas por escola. São os tradicionais colégios Móbile, Bandeirantes e Santa Cruz. A primeira escola pública no ranking é o Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), cuja média dos alunos foi menos de 2 pontos inferior a dos estudantes da Vértice, que tiveram nota 88,11 (a escala vai de 0 a 100).

“A diferença aqui é a proximidade que temos com os professores”, diz a aluna do Vértice Maria Julia de Barros Orsolini, de 17 anos. O colégio tem 31 anos e foi construído principalmente com professores dissidentes do Bandeirantes. Em 1994 não tinha nem 200 alunos. Hoje, são 860, um aumento de mais de 20% nos últimos três anos, quando começou a figurar como o melhor do Estado na lista do Enem. “Recebemos pedidos de famílias querendo colocar seus filhos no colégio todos os dias”, diz um dos diretores, Adilson Garcia. “Mas não temos mais espaço, estamos no limite.”

Um dos segredos da escola, diz ele, é a avaliação freqüente dos alunos e um acompanhamento individual dos resultados. As provas são semanais ou quinzenais, sempre depois da discussão de cada tópico novo, em todas as disciplinas. Não há divisão de classes por áreas – humanas, exatas ou biológicas – como costuma ocorrer em escolas de ensino médio voltadas para o vestibular.

É o caso do Colégio Poliedro, que surgiu há sete anos em São José dos Campos e já aparece na lista das 20 melhores escolas privadas do Estado com duas unidades, uma no interior e outra na capital. “O colégio funciona como um cursinho. O nosso aluno está preocupado com a Fuvest”, diz o coordenador Hélio de Moura Filho. Na unidade da capital, que fica no Paraíso, só existe o 3º ano do ensino médio. Os 70 alunos que fizeram o Enem em 2007 renderam o nono lugar no ranking para a escola paulistana. Os do interior ficaram em 11º.

A escola funciona com o que se convencionou chamar “sistema de ensino”, em que os materiais são produzidos pela própria instituição, nos moldes do que fazem Objetivo, Anglo e Etapa. Outros 64 colégios do País usam o sistema Poliedro. A escola foi fundada por um ex-aluno do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) que começou a preparar estudantes para o vestibular da instituição, conhecido com um dos mais difíceis do País. “Pelo oitavo ano somos quem mais aprova alunos no ITA”, orgulha-se Moura Filho.

LIBERDADE

Os 1.800 alunos do Colégio Móbile, que ficou em segundo lugar, podem optar se querem ou não entrar em classe para assistir uma aula. Mesmo com tal liberdade, na manhã de ontem, as salas de aulas estavam cheias e os corredores, vazios.

Segundo a educadora Maria Helena Bresser, que fundou o colégio em 1975, todas as regras são conversadas diretamente com os alunos, o que, na prática, faz a liberdade funcionar. “Os alunos sabem que têm de ter maturidade para estudar ali. Se não querem assistir aulas, eles se responsabilizam por isso, sabem que depois terão de arcar com as dificuldades de acompanhar o conteúdo.”

Para estudar no Móbile os alunos têm de enfrentar uma lista de espera. Para o ensino médio, o colégio não oferece mais de 400 vagas e a mensalidade é R$1.560. “Limitamos o número de vagas para que os professores possam desenvolver um bom trabalho com as suas turmas.” No ano passado, 46% dos alunos entraram em universidades públicas sem cursinho.

Para estimular os alunos, todas as salas de aula são adaptadas para uma disciplina específica. “São os alunos que mudam de sala a cada aula. No caso de física, temos um laboratório com equipamento de última geração”, diz a professora de física Maria da Glória Martini.

Ela conta que a prioridade é fazer com que os alunos entendam na prática o conteúdo a ser ensinado. “Fiz um passeio com uma turma a um parque de diversões. Quando voltamos, desafiei os alunos a projetarem virtualmente um novo brinquedo que respeitasse todas as leis de segurança. Durante cerca de quatro meses eles trabalharam no projeto, aprimoraram os conceitos físicos e desenvolveram um projeto perfeito. Tudo isso em aula, via internet e com experiências práticas”, exemplifica.

Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Educação disse que é positivo o fato de escolas privadas paulistas estarem entre as melhores do País.